Standard & Poor's rebaixa nota de crédito brasileira para BB

Estadão Conteúdo
17/02/2016 às 17:11.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:27

Cinco meses após retirar o selo de bom pagador do Brasil, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) voltou a rebaixar o país. A nota foi reduzida de BB+ para BB. A agência concedeu ainda perspectiva negativa, significando que pode reduzir ainda mais a classificação do país nos próximos meses.

A agência tinha sido a primeira a retirar o grau de investimento (que funciona como garantia de que o país não dará calote na dívida pública) em setembro do ano passado. Em dezembro, a Fitch seguiu a decisão. Entre as três principais agências do mundo, somente a Moody's mantém o selo de bom pagador do Brasil.

Na nota em que informou a decisão de rebaixar mais uma vez a nota do Brasil, de BB+ para BB, a agência de classificação de risco Standard & Poors avalia que o país deve ter mais um ano de forte contração econômica. "Com o déficit do governo e a dívida líquida, respectivamente, em cerca de 7% e 60% do Produto Interno Bruto (PIB) durante o período entre 2016 e 2018 (...) acreditamos que não há mais flexibilidade política suficiente para distinguirmos entre os ratings em moeda local e estrangeira no Brasil".

A S&P diz ainda que os desafios políticos e econômicos enfrentados pelo Brasil continuam consideráveis e que a agência agora espera um processo mais longo de ajuste, o que significa uma correção mais lenta na política fiscal.

Cenário Político

Segundo a agência, a perspectiva negativa reflete uma chance maior do que 1 em 3 de um novo rebaixamento do rating brasileiro. E cita como fatores negativos o risco de reversão de políticas importantes em meio à dinâmica da política brasileira, além da falta de iniciativas políticas consistentes.

A perspectiva da nota do Brasil pode ser revisada para estável "se as incertezas políticas no Brasil forem revertidas para que a execução da política seja consistente e melhore as perspectivas para o crescimento do PIB", afirmou a S&P. "Esperamos que estas melhorias possam apoiar um retomada mais rápida que leve o Brasil a sair da atual recessão, o que facilitaria a performance fiscal e daria mais espaço de manobra em meio a choques econômicos".

Quando rebaixou o país pela primeira vez, a S&P citou a deterioração do cenário político e os problemas fiscais como fatores que impediriam a estabilidade da dívida pública brasileira. Desta vez, a agência ainda não se manifestou.

Governo

O novo rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's não alterará a perspectiva de recuperação da economia brasileira no médio prazo, informou o Ministério da Fazenda. Em nota, a pasta reafirmou que continua trabalhando para alcançar o reequilíbrio fiscal e criar condições para a retomada do crescimento e assegurou que o governo mantém a capacidade de honrar os compromissos.

A nota destacou que o governo está empenhado na aprovação de mudanças que melhorarão as contas públicas. Para este ano, ressaltou o ministério, as prioridades são a votação das propostas de emenda à Constituição que desvincula parte do Orçamento Federal e que recria a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A pasta reafirmou o compromisso de enviar uma proposta de reforma da Previdência Social até o fim de abril.

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