O superávit comercial da China aumentou para US$ 20,4 bilhões em maio, de US$ 18,16 milhões em abril, segundo dados da Administração Geral Alfandegária. A previsão dos economistas eram de um superávit de US$ 17,6 bilhões. Apesar do aumento do superávit em maio, o cenário comercial no geral foi inesperadamente fraco. As exportações subiram menos que o esperado, apontando para uma desaceleração da demanda local e no exterior, enquanto as importações recuaram.
As exportações subiram 1% em maio, ficando abaixo da alta de 5,6% prevista por economistas consultados pelo The Wall Street Journal e do crescimento de 14,7% observado em abril, em bases anuais. Acredita-se amplamente que os números de abril foram distorcidos pelos exportadores que inflaram seus dados, tentando driblar restrições de capital e fluxo de capital para a China a fim de tirar vantagem da valorização da moeda chinesa.
O regulador de câmbio da China reprimiu relatórios falsos de dados desde então, alertando os comerciantes sobre a aplicação de penas mais duras para aqueles que fornecerem informações incorretas. A Alfândega da China disse que os esforços para reprimir relatórios falsos eram a causa dos números mais fracos no mês passado, bem como a demanda mais fraca em casa e uma economia global lenta.
Economistas concordaram que os números de maio estavam mais em linha com a realidade, e que a repressão aos dados incorretos foi claramente a razão para os números de exportações menos robustos. "Regulações contra fluxos de dinheiro anormais tiveram um impacto", afirmou o economista da Nomura Zhang Zhiwei. O economista do Standard Chartered, Li Wei, afirmou, por sua vez que "os números de abril definitivamente foram exagerados."
As exportações para Hong Kong, um foco central de suspeitas sobre problemas com os dados, mostraram uma evidência mais clara do impacto do aperto nas regras. As exportações da China para Hong Kong subiram 7,7% em maio, em bases anuais, mas avançaram 69,2% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. As exportações para grandes mercados, como os EUA e a União Europeia, recuaram 1,6% e 9,7% em maio, respectivamente, em bases anuais, de acordo com cálculos do The Wall Street Journal.
As importações totais da China recuaram 0,3% em maio, em bases anuais, ante previsão de alta de 0,5%. As importações tinham subido16,8% em abril, ante o mesmo período de 2012. O enfraquecimento da demanda doméstica ficou evidente nas principais commodities. As importações de cobre e produtos derivados - matérias-primas importantes para o setor de construção - caíram 14,5% em maio, em bases anuais, e recuaram 25% nos primeiros cinco meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. As importações de minério de ferro subiram 7,4% em maio, em bases anuais, mas aumentaram apenas 4,7% nos primeiros cinco meses do ano.
Os resultados da balança comercial sugerem que o comércio chinês poderá não ajudar muito a segunda maior economia do mundo nos próximos meses, e destacam preocupações sobre a recuperação global. "Nós veremos crescimento de um único dígito nas exportações daqui para frente", afirmou o economista do Standard Chartered, Li Wei.
O elevado superávit comercial da China em maio sinaliza ainda que não deverá ocorrer pressão contínua por uma valorização da moeda chinesa. "Não haverá uma grande mudança na pressão sobre o yuan", disse Li. A moeda chinesa subiu cerca 1,7% ante o dólar neste ano, e os traders preveem ganhos adicionais à frente, à medida que o superávit comercial continua positivo e os fundos de investimentos continuam a entra no país apesar o crescimento econômico mais lento.
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