Travas argentinas derrubam exportação de produtos mineiros

Bruno Porto - Do Hoje em Dia
Publicado em 06/05/2013 às 06:48.Atualizado em 21/11/2021 às 03:26.

As exportações mineiras para a Argentina caíram 10% em 2012 e iniciaram 2013 mais uma vez em queda. Nos primeiros três meses do ano, o embarque de produtos mineiros para a Argentina foi 2,6% menor que no mesmo período do ano passado. A pauta de exportações é formada por autopeças, móveis, vestuário e, sobretudo, calçados.

O polo calçadista de Nova Serrana, a 130 quilômetros de Belo Horizonte, é um exemplo do impacto negativo causado pelas barreiras que o produto mineiro encontra junto ao seu maior cliente.

Em 2005, no melhor momento das exportações de calçados para o vizinho do Sul, as empresas de Nova Serrana colocavam 1 milhão de pares de calçados naquele país por ano. Hoje, esse comércio se reduziu à metade.

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff esteve na Argentina para discutir a economia bilateral entre os dois parceiros do Mercosul. Foi a quinta vez em dois anos. Apesar das intensas negociações, o protecionismo argentino não arredou um milímetro e, em alguns casos, piorou.

No ano passado, o governo argentino acenou com uma trégua. Colocou fim à Licença de Importação (LI), documento que permitia a entrada de produtos importados, que deveriam ter prazo máximo de 60 dias para liberação. Foi criada a Declaração Jurada Antecipada de Importação (DJAI), que tornaria automática a autorização para o ingresso das importações.

A situação, porém, ficou mais crítica, diz o vice-presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Júnior César Silva. “Conheço casos de espera de 200 dias até a liberação. O governo brasileiro tem ciência do problema, negocia com a Argentina, mas não acredito em solução em breve”, afirma. Como o calçado chinês tomou conta dos outros mercados na América do Sul, sobrou o mercado interno para as empresas de Nova Serrana. “Mas aqui também tem produto chinês, e mais barato que o nacional”, observa.

De acordo com Júnior, em 2004 o par de calçado em Nova Serrana tinha preço médio de US$ 6 e o chinês, US$ 5,50. Hoje, o Chinês custa US$ 7,50 e o nacional, US$ 15. “O câmbio pesa contra, a mão de obra é mais cara, a matéria prima subiu. Como o mercado interno cresceu muito nos últimos anos, ainda não tivemos redução de produção”, diz.

O consultor em negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, observa que a situação na liberação dos produtos gera sérios prejuízos e se configura como uma desobediência às regras de comércio internacional. “O Brasil não faz a mesma coisa (impõe barreiras ao produto argentino) porque obedece às regras. Mas a situação é grave, a Argentina é o maior parceiro do Brasil no Mercosul e responde por 7% das exportações totais”, diz.

Leia mais na Edição Digital
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por