O grupo Triunfo Participações e Investimentos (TPI) venceu, nesta quarta-feira (4), na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), o leilão do trecho de 1.176,5 quilômetros composto pelas BRs 262, 060 e 153. A proposta da companhia, de pedágio de R$ 0,02851 por quilômetro, foi a mais baixa dentre as cinco concorrentes, com deságio de 52% sobre o preço teto de R$ 0,0594 pré-estabelecido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Com o pedágio, o motorista irá pagar, em média, R$ 2,80 a cada 100 quilômetros percorridos. Segundo a assessoria de imprensa da ANTT, os preços atualizados das 11 praças de pedágio (sete em Minas Gerais) serão calculados por técnicos da agência reguladora até a data da assinatura do contrato com a empresa vencedora, agendada para 27 de fevereiro do ano que vem.

A cobrança dos pedágios, no entanto, só terá início após a conclusão de pelo menos 10% da duplicação das vias, prevista para os dois primeiros anos da concessão. A ampliação de 647,8 quilômetros deverá ser concluída em cinco anos. Os 528,7 quilômetros restantes já são duplicados e serão revitalizados.

A concessão vale por 30 anos. Nesse período, a TPI deverá executar e prestar serviços de recuperação, conservação, manutenção, operação, implantação de melhorias e ampliação de capacidade das vias, mediante investimento de R$ 7,15 bilhões.

Na avaliação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, a administração das vias pela iniciativa privada vai ter reflexos positivos para o setor. De acordo com ele, cerca de 20% da produção agrícola que é transportada se perde em decorrência da má qualidade da logística do país.

“No caso das estradas, a carga se perde, principalmente, devido a muitos buracos e acidentes”, diz Simões. Além disso, ele prevê que as greves de caminhoneiros por melhores condições de trabalho serão reduzidas, contribuindo para que as cargas cheguem ao destino no tempo certo.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci prevê que a melhoria das vias vai elevar a produtividade de toda a cadeia produtiva, reduzindo custos para as empresas e consumidores.

Especialista projeta melhora da qualidade e ganho econômico

Para o coautor do livro Parcerias Público-Privadas – Experiências, Desafios e Propostas, ex-presidente do Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico (Cade), presidente da Go Associados, Gesner Oliveira, além dos benefícios para os setores isolados, a concessão das BRs 262, 060 e 153 vai ajudar a economia brasileira a apresentar melhores resultados em um futuro próximo. “As exportações não estão tão bem e a indústria patina. Os investimentos decorrentes das concessões, tanto de rodovias quanto de aeroportos, impulsionarão a economia”, diz.

Como exemplo de como os leilões serão vantajosos para a economia do país, ele cita a contratação da mão de obra e o empurrão que será dado a setores responsáveis pela venda de material de construção pesada, pelas sublocações de equipamentos e pelos demais serviços necessários para revitalizar e duplicar as rodovias.

O valor do frete também poderá ficar mais barato no longo prazo, contribuindo para a ascensão do país, conforme afirma o professor de economia do Ibmec Reginaldo Nogueira. A melhoria no cenário seria reflexo de uma diminuição nos gastos para manutenção com os caminhões.

Empresa opera Guarulhos

A Triunfo administra três concessionárias de rodovias: a Econorte, no Paraná, a Concepa, no Rio Grande do Sul, e a Concer, no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Ao todo, são 642 quilômetros de rodovias. Por meio da Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, a companhia é, ainda, responsável pela operação do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Além disso, o grupo atua nos segmentos de energia e portos.

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