(Eugênio Moraes)
A Estação Ecológica dos Fechos, em Nova Lima, reduto de fauna e flora típicas da região e cursos d´água de qualidade especial, responsáveis pelo abastecimento da população de Nova Lima e outras 300 mil pessoas da Região Sul de Belo Horizonte, é alvo de uma queda de braço entre moradores, ambientalistas e a Vale. A mineradora, que já exerce a atividade no entorno da área, apresentou pedido de licença prévia ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), para ampliar as operações do Complexo Vargem Grande até quase o limite do local protegido. Segundo a empresa, a medida permitirá a continuidade das atividades, iniciadas em 1996, e a manutenção de 2.500 empregos diretos e 30 mil indiretos no complexo, cuja produção anual chega a 22 milhões de toneladas de minério de ferro. O pedido, porém, provocou reação da comunidade, que se mobiliza para ampliar a área da Estação Ecológica dos Fechos em 270 hectares. Para os moradores, o perigo de contaminação dos córregos e estrangulamento da fauna e da flora locais é iminente. Impactos “A Estação Ecológica já recebe impactos externos que comprometem a unidade de preservação, como lançamento de esgoto e a expansão imobiliária. Mas o problema mais grave é consequência da mineração. É preciso colocar um freio. Caso contrário, se houver a aprovação desse pedido, será o começo do fim da unidade de conservação e seu entorno”, alerta o engenheiro florestal e diretor de meio ambiente da Associação de Proprietários do Pasárgada, em Nova Lima, Paulo Sérgio Ferreira Neto. Para evitar o avanço da Vale, associações de moradores e membros da ONG Primata da Montanha (Primo) idealizaram uma petição em prol do aumento da área da Estação Ecológica dos Fechos. Publicada no Avaaz.org, comunidade de mobilização online em 15 línguas e presente em quatro continentes, o documento tinha, até na última quinta-feira (28), 1.500 assinaturas. O objetivo é pressionar os deputados estaduais para votarem em favor do Projeto de Lei 3.512/2012, em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e que trata da expansão da área de preservação dos Fechos. “Além da importância na produção e abastecimento de água, a Estação Ecológica funciona como corredor ecológico, permitindo o deslocamento da fauna e promovendo a conectividade entre importantes remanescentes de Mata Atlântica e de Cerrado na região, incluindo o Parque Estadual do Rola Moça e o Parque Estadual do Itacolomi. Daí a urgência da aprovação do projeto de lei”, diz uma das coordenadoras da ONG Primo e moradora de Nova Lima, Izabel Stewart.