Exportações brasileiras cresceram 9,1%, puxadas pela desvalorização do real ante o dólar e pela alta do preço das commodities no mercado internacional (Stock Express)
O Brasil deverá sofrer com a crise econômica argentina neste e no próximo ano, principalmente em suas exportações. Terceiro maior parceiro comercial do País, depois de China e Estados Unidos, a Argentina tende a reduzir suas importações pela recessão em que deve mergulhar e pela desvalorização de sua moeda, que torna os produtos de fora mais caros.
"Deveremos ter forte queda das exportações para a Argentina em 2018 e em 2019. O Fundo Monetário Internacional (FMI) não vai dar dinheiro se o país continuar gastando. O governo terá de transformar seu déficit comercial em superávit, o que significa reduzir importações", diz o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
O setor de manufaturados, principalmente o automotivo, será o mais prejudicado - hoje, 20% dos embarques brasileiros de manufaturados têm o país vizinho como destino. Entre maio e julho, período em que a turbulência financeira começou, as vendas de veículos do Brasil para a Argentina caíram 23% na comparação com o mesmo período de 2017. Nos quatro primeiros meses deste ano, as exportações cresceram 11,6%.
Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), nos últimos quatro meses, houve desaceleração nas vendas brasileiras para a Argentina. De janeiro a agosto, as exportações para a Argentina ainda registraram crescimento, mas de apenas 0,5%.
"Estamos observando a situação com atenção e esperamos que os desafios do lado argentino sejam vencidos com a maior rapidez possível, o que é do interesse do Brasil", disse Abrão Neto, secretário de Comércio Exterior do Mdic.
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