Vendas do Dia das Mães decepcionam lojistas em BH

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
Publicado em 09/05/2014 às 08:21.Atualizado em 18/11/2021 às 02:30.

Para desgosto dos lojistas e decepção das mamães, poucos filhos já garantiram o presente que será entregue no próximo domingo (11). Faltando apenas três dias para a segunda melhor data do ano para o comércio, o movimento na Savassi ainda é fraco, muito aquém do esperado pelos empresários.

Na maioria das lojas, o que se vê são vendedores de braços cruzados à espera de clientes. E quando eles finalmente entram, a maioria não compra, ou leva apenas lembrancinhas. A esperança são as compras de última hora, entre esta sexta e sábado (10).

“O comerciante sempre tenta ser otimista, mas a economia não está ajudando. Com inflação em alta, as pessoas estão mais inseguras para gastar. Se conseguirmos igualar às vendas de 2013, já estará de ótimo tamanho”, diz o diretor da Conselho da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) para a Savassi, Alessandro Runcini.

Pesquisa da entidade apontou que quem vai presentear priorizará o pagamento à vista, em dinheiro. “Isso mostra que grande parte das pessoas não quer fazer dívidas. Irá gastar só aquilo que tiver na carteira”, diz.

Fugindo de dívidas

Para a economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, os consumidores pagam em cash quando estão inseguros em relação ao futuro e querem fugir de dívidas. “Com a pressão inflacionária, há menos renda disponível”, comenta.

A previsão da entidade é de crescimento das vendas entre 1,9% e 3%, totalizando na cidade um faturamento para o comércio de R$ 2,19 bilhões. “Mas dependendo do comportamento do consumidor, vamos revisar a meta para baixo”, afirma.

O tíquete médio já encolheu. Segundo a CDL-BH, a maior parte dos filhos desembolsará entre R$ 30 e R$ 50 na compra do presente das mães. No ano passado, a maioria dos consumidores gastou bem mais, entre R$ 100 e R$ 150 em cada presente.

“Os clientes reclamam que grana está curta”, disse a vendedora de uma loja de bolsas e calçados na Savassi. “Está todo mundo desanimado. Trabalho aqui há anos e nunca vi um movimento tão fraco”, disparou a funcionária de uma perfumaria.

“O pessoal está sem dinheiro. Vender qualquer coisa é motivo de comemoração”, desabafou a gerente de outro estabelecimento comercial.

Endinheirados

A crise contaminou até os consumidores mais endinheirados. Segundo o diretor da joalheria Manoel Bernardes, Paulo Bernardes, clientes das classes B e C já levaram ao máximo o nível de endividamento, e precisam quitar antigos débitos antes de contrair novos.

O cliente da classe A, por sua vez, teoricamente ainda poderia comprar. Mas acaba agindo de acordo com o humor – ou mau humor - do mercado.

“Esses clientes não param, mas reduzem as compras. Além do baixo crescimento econômico, a indecisão com relação à Copa e às eleições também prejudicam o ambiente econômico”, afirma.

Diante do cenário instável, a marca investiu em joias mais acessíveis para este Dia das Mães, com peças entre R$ 2 mil e R$ 10 mil. “As empresas estão se adequando à nova realidade de consumo”, diz Bernardes.

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