EDITORIAL: Suspense na Cemig

Do Hoje em Dia
12/02/2013 às 07:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:56

É preocupante a decisão da Cemig de suspender os investimentos previstos para a modernização das hidrelétricas de São Simão, Salto Grande e Volta Grande. Os contratos de concessão dessas usinas vão vencer entre 2015 e 2017 e, sem garantias de que continuará a operá-las, a empresa poderia ter grandes perdas se prosseguisse com o plano de aplicar em sua reforma e modernização cerca de R$ 781,9 milhões. No dia 4 de dezembro último, os acionistas da estatal, controlada pelo governo de Minas, decidiram em assembleia não renovar os contratos de concessão de 18 usinas nos termos propostos pelo governo Dilma Rousseff.
 
A boa notícia é que a empresa mantém o Programa de Reforma e Modernização de outras sete usinas, com investimentos previstos em dezembro de 2011, quando o plano foi divulgado, de aproximadamente R$ 1 bilhão, até 2025.
 
Das hidrelétricas que tiveram investimentos suspensos, a mais importante é São Simão, que tem capacidade instalada para 1.710 megawatts. Desde 1978, quando foi inaugurada, é a maior geradora de eletricidade da Cemig. A empresa havia programado investimentos de R$ 370,9 milhões. O projeto seria executado por um consórcio formado pela Alstom, gigante mundial do setor de eletricidade, pela construtora paulista Camargo Corrêa e pela Orteng, empresa mineira criada em 1977 e que tem como fundador e principal acionista o atual presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade. Evidentemente, a retomada dos investimentos previstos interessa a essas empresas importantes, mas também aos mineiros de modo geral.
 
Se as negociações para a retomada do projeto não tiverem êxito, a Cemig deixa de investir também R$ 321 milhões na hidrelétrica de Volta Grande, que possui capacidade instalada de 380 MW, e R$ 90 milhões na usina de Salto Grande, com 104 MW. O término da concessão não impede que a Cemig continue a operar essas usinas, pois ela pode vencer a licitação que vai escolher o novo concessionário. O maior obstáculo é se o governo federal, por razões políticas, fizer questão de transferi-las para uma empresa sob seu controle acionário, como Furnas Centrais Elétricas.
 
Não é possível desconsiderar a possibilidade de existência de um componente político sério nessa questão das hidrelétricas da Cemig. Embates políticos ocorrem nas democracias e são até mesmo desejáveis. Mas não podem prolongar a ponto de prejudicar os consumidores mineiros de eletricidade.

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