(Gianluigi Guercia/AFP)
Mais de 200 mil pessoas saíram às ruas do Cairo nesta terça-feira para exigir do presidente Mohammed Morsi que revogue os decretos por meio dos quais outorgou-se mais poderes.
Tremulando bandeiras egípcias, dezenas de milhares de pessoas percorreram as ruas que dão acesso à Praça Tahrir, berço dos protestos que no início do ano passado levaram ao fim da ditadura de Hosni Mubarak.
Nesta terça-feira, os manifestantes egípcios e a polícia entraram em conflito no Cairo algumas horas antes da realização do protesto da oposição. Também houve choques em outras cidades onde ocorreram protestos contra o governante.
No Cairo, os choques concentraram-se perto da Embaixada dos Estados Unidos e da Praça Tahrir. A polícia lançou gás lacrimogêneo e os manifestantes responderam com pedras em uma rua que sai da praça em direção à embaixada norte-americana.
"De repente, Morsi está decretando leis e se tornando um regulador absoluto, segurando todos os poderes nas suas mãos", queixou-se a ativista Mona Sadek, uma engenheira que usa o véu islâmico.
O ex-candidato à presidência Amr Moussa, agora um proeminente opositor, disse que os protestos mostraram "onde as forças políticas nacionais permanecem sobre a declaração constitucional".
O porta-voz do partido do governo, a Irmandade Muçulmana, Gehad el-Haddad, disse que os decretos do presidente "forjaram o caminho para o avanço" ao proteger as casas legislativas.
O presidente, que assumiu o poder em junho, disse que as medidas são necessárias para preservar a "revolução" e a transição da nação para a democracia.
O decreto define que o presidente pode tomar, em caráter definitivo e irrevogável, "qualquer decisão ou medida para preservar a revolução", o que deu início a uma nova queda de braço com o Judiciário em um momento no qual um painel tenta elaborar uma nova Constituição para o país.
Entre outras coisas, os decretos deixam Morsi e um painel incumbido de redigir uma nova Constituição para o Egito fora do alcance do Poder Judiciário.
Na próxima semana, a corte administrativa do Egito vai examinar um pedido de anulação dos decretos de Morsi. Até agora, mais de uma dúzia já foram registrados na justiça contra os decretos.
Em uma série de mensagens pelo Twitter, a Irmandade Muçulmana minimizou as manifestações, dizendo até mesmo enquanto os espaços estavam cheios que o comparecimento era baixo dos opositores. Membros da Irmandade Muçulmana estiveram em programas de TV pela manhã, conclamando os opositores ao diálogo com o governo. As informações são da Associated Press.
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