As operações da polícia e do exército para dispersar os partidários do presidente islamita destituído Mohamed Mursi deixaram, até o momento, nesta quarta-feira (14) 278 mortos no Egito, informou o ministério da Saúde. o mesmo tempo, 2.001 pessoas foram socorridas por ferimentos sofridos durante a repressão. Mas apenas na praça Rabaa al-Adawiya, epicentro dos protestos contra o governo no centro do Cairo, um jornalista da AFP contabilizou os corpos de 124 manifestantes. Do total de mortos, 235 eram civis e 43, policiais.
A violência tomou conta do Cairo e de diversas cidades do Egito pela manhã, depois de a polícia ter usado veículos blindados, tratores e helicópteros para desmantelar dois acampamento de protesto na capital pela restauração do presidente deposto Mohammed Morsi. Primeiro presidente eleito democraticamente na história egípcia, Morsi foi deposto em um golpe militar em 3 de julho.
O governo egípcio também decretou nesta quarta-feira um toque de recolher no Cairo e em outras 11 províncias, depois das violências registradas nas operações. O toque de recolher entrou em vigor às 19 horas (14 horas de Brasília) e vai até 6 horas (1 hora), indicou o porta-voz do governo, em uma mensagem difundida pela tv estatal.
O vice-presidente egípcio, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, anunciou que apresentou sua demissão ao presidente interino do país, depois da violência registrada nas ruas da capital e várias penínsulas. "Para mim é dificil continuar a assumir a responsabilidade de tomar decisões com as quais não estou de acordo", escreveu na carta entregue ao presidente Adly Mansur.
Repúdio
O movimento palestino Hamas, que está no poder na faixa de Gaza, condenou a intervenção violenta das autoridades egípcias para dispersar partidários do presidente islamista destituído Mohamed Mursi, denunciando "massacres terríveis". "O Hamas condena os massacres terríveis ocorridos nas praças Nahda e Rabaa al-Adawiyya e pedimos o fim do derramamento de sangue e dos abusos contra manifestantes pacíficos", declarou à AFP Sami Abu Zouhri, porta-voz do movimento islamista próximo da Irmandade Muçulmana, confraria à qual Mursi pertence.
Também os Estados Unidos condenaram energicamente a violência contra os manifestantes no Egito e criticaram a imposição de um estado de emergência no país, afirmou a Casa Branca. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, pediu que os militares egípcios mostrem moderação na operação de dispersão dos partidários do presidente destituído Mohamed Mursi. Earnest, que exigiu moderação ao exército, assegurou que o governo americano "se opõe ao retorno do estado de emergência no Egito".
Obama está sendo informado dos acontecimentos por sua conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, que o acompanha em sua semana de férias na ilha de Martha's Vineyard (Massachusetts).
Atualizada às 18h16