Egito tem manifestação de apoio a Mursi e greve de juízes

AFP
25/11/2012 às 13:50.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:35
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CAIRO - Partidários do presidente islamita Mohamed Mursi realizavam declarações de apoio ao líder político neste domingo (25) no Egito, onde juízes estavam em greve contra a ampliação dos poderes do presidente.  Trata-se da primeira crise séria no Egito desde a eleição de Mursi, primeiro presidente islamita e civil do país, a qual aconteceu 16 meses depois da queda do regime de Hosni Mubarak, como consequência de uma mobilização popular. Dia 22 de novembro, Mursi anunciou uma "declaração constitucional" que ampliava seus poderes.

Com isso, no final da tarde de sábado (24), o Clube de Magistrados do Egito convocou "a suspensão do trabalho de todos os tribunais e promotorias" para protestar contra o decreto de Mursi que impede recursos judiciais diante de decisões da presidência.

A decisão do Clube de Magistrados ocorre após a Associação de Juízes de Alexandria anunciar "a suspensão das atividades em todos os tribunais e administrações judiciais das províncias de Alexandria e Beheira (...) até que se acabe a crise provocada pela declaração" inconstitucional de Mursi.

A mais alta autoridade judicial do Egito, o Conselho Superior da Magistratura, denunciou as novas prerrogativas de Mursi, que taxou de "um ataque sem precedentes contra a independência do Poder Judiciário e suas decisões".

Segundo o juíz Isam al Tobgi, as "assembleias gerais" dos tribunais das 27 províncias estavam reunidos para decidir se aplicam ou não a convocação para a greve, exceto nas províncias de Alexandria e Beheira (norte), onde os juízes já anunciaram que entrariam em greve.

Tobgi afirmou que as decisões dependerão da lealdade ou não dos membros destas assembleias ao ministro de Justiça".


Na Praça Tahrir, no Cairo, epicentro da mobilização popular de 2011 que derrubou a Mubarak, os manifestantes prosseguiam as manifestações iniciadas na sexta-feira. Uma manifestação rival, no entanto, gritava "Mursi, te amamos", ante o Palácio presidencial na capital.

Na sexta-feira (23), mesmo em meio a fortes manifestações, o presidente egípcio, Mohamed Mursi, prometeu diante de milhares de partidários islamitas que o Egito está no caminho da democracia.

"O que quero é a estabilidade política, a estabilidade social e econômica e é para isso que trabalho", declarou Mursi em um longo discurso diante de seus partidários, reunidos próximos ao palácio presidencial.

Os partidários do presidente convocaram manifestações para este domingo na saída das mesquitas para "apoiar às decisões do presidente" e também para terça-feira, na praça Midan, próxima da praça Tahrir, no Cairo, onde os opositores a Mursi também planejam se manifestar.

A corrente popular, dirigida pelo nacionalista de esquerda Hamdeen Sabbahi, terceiro na presidencial de junho, convocou a manifestação de terça-feira contra Mursi.

Candidato da Irmandade Muçulmana, Mursi, eleito em junho, detém o poder executivo e também o legislativo, já que a Assembleia foi dissolvida antes de sua eleição. Suas novas prerrogativas o deixam a salvo de recursos ante um poder judicial com o qual mantém relações ruins.

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