Em Minas, apenas nove deputados estaduais devem concorrer à Câmara Federal

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
23/06/2017 às 23:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:14

(Editoria de Arte)

Depois de uma grande renovação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 2014, com 26 novos nomes na Casa, apenas nove dos 77 deputados não devem tentar a reeleição em 2018. Desses, a esmagadora maioria pretendente deixar a ALMG para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados.

É o caso do deputado estadual Lafayette Andrada (PSD). No ano que vem, ele vai tentar uma vaga na Câmara Federal. A intenção é ocupar, justamente, o espaço do pai dele, o deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB), que, por sua vez, sairá como candidato ao Senado.

Na direção inversa, Dalmo Ribeiro (PSDB) pode abrir mão do cargo para tentar eleger o filho, Felipe Ribeiro, segundo fontes de bastidores. Ele não confirma. Mas também não nega.

Uma fonte ligada ao deputado acredita, no entanto, que o tucano não deve “abandonar” a base eleitoral para arriscar a eleição do filho, a não ser que seja absolutamente necessário. “Ele só deve deixar a Casa se algo grave acontecer, como um problema de saúde. Mas ele vai muito bem”, diz a fonte.

Felipe Attiê (PTB) é outro parlamentar que pretende assumir uma cadeira em Brasília no ano que vem. De acordo com ele, faltam representantes do Triângulo Mineiro na esfera federal. “Precisamos de mais pessoas do Triângulo em Brasília, onde estão concentradas as decisões do país. De lá poderemos mudar ainda mais a realidade das pessoas”, observa.

Do Norte de Minas, Paulo Guedes (PT) quer ser mais um representante da região na Câmara. “Nas últimas eleições eu tive voto para eleger três deputados”, comemora o parlamentar.

Também do PT, Rogério Correia tentará o cargo federal pela segunda vez. Na avaliação do petista, é necessário um fortalecimento da esquerda em Brasília. “A Câmara precisa de políticos nitidamente de esquerda. Além disso, quero ajudar o Lula no governo dele, e eu sei que ele será eleito”, afirma.

Noraldino Júnior (PSC) é outro nome citado nos corredores da ALMG como certo de se candidatar à Câmara. Segundo a assessoria de imprensa do político, o partido tem o parlamentar como um nome forte para o cargo federal. Apesar disso, Noraldino ainda não teria se decidido. “O partido vai apoiar o deputado seja qual for a decisão”, diz a assessoria.

Quem também é uma opção do partido para deputado federal, mas ainda não se decidiu, é o presidente da Casa, Adalclever Lopes (PMDB). Outra possibilidade é uma dobradinha com o PT nas eleições para governador. Adalclever entraria na chapa como candidato a vice.

A assessoria de Fabiano Tolentino (PPS) confirma a decisão do político de tentar uma cadeira na Câmara, mas não deu mais detalhes. Gilberto Abramo (PRB) também deixaria o cargo de deputado estadual para concorrer na esfera federal, mas a assessoria não se pronunciou.

‘Distritão’ ganha força e pode beneficiar políticos mais abastados

Defendido por Eduardo Cunha (PMDB) em 2015, o “voto distritão” volta à pauta da Câmara dos Deputados e pode valer ainda para as eleições de 2018. Se passar, a modalidade que exclui o quociente eleitoral e privilegia os mais votados pode mudar a composição da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Afinal, hoje os candidatos mais votados puxam votos para os pares dos partidos deles, no melhor “um por todos”. Com o “distritão”, será cada um por si.

De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bruno Reis, essa modalidade de eleger candidatos enfraquece os partidos e prioriza os políticos mais conhecidos. Os que têm mais dinheiro para investir na própria campanha e as personalidades midiáticas, como jogadores de futebol, artistas e empresários, também teriam mais chances de assumir os cargos.

Além disso, o número de candidatos diminuiria drasticamente, pois os partidos políticos teriam que limitar as vagas aos mais promissores, na intenção de não pulverizar os votos.

Na Assembleia Legislativa, as opiniões se dividem. Na avaliação de Sargento Rodrigues (PDT), o voto intransferível é a melhor solução para acabar com a corrupção. Ele admite que por trás de cada CNPJ há pessoas que permitem que o sistema seja corrompido, mas defende o fim dos “puxadores de votos”. “Os partidos políticos são instituições falidas. Em todos os partidos há corrupção. É necessário acabar com tudo isso”, critica.

Para o deputado Rogério Correia (PT), o “distritão” é um retrocesso. Segundo ele, é necessário fortalecer os partidos políticos e a democracia. O deputado afirma que ao excluir o “puxador de voto” do jogo política, abre-se espaço para a individualidade excessiva. “Os mais ricos serão sempre eleitos. Se hoje já existe pouca representatividade na política, imagine se apenas os homens ricos se elegerem”, rechaça.

Aprovar projetos também seria um problema, diz Correia. Hoje os candidatos se unem em blocos. Sem a necessidade de fazer coligações, cada um tomaria um rumo e chegar a algum consenso seria mais difícil.

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