Em único duelo, Van Gaal venceu Mundial sobre Felipão nos pênaltis

Gazeta Press
11/07/2014 às 09:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:20
 (AFP)

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Luiz Felipe Scolari e Louis Van Gaal passaram a Copa do Mundo inteira trocando acusações, mesmo evitando usar o nome do adversário. Neste sábado, ambos, enfim, se encontrarão da forma que não desejavam, disputando o terceiro lugar do Mundial no Mané Garrincha. Será o segundo duelo entre eles. No primeiro, há 19 anos, o holandês sorriu diante do brasileiro, ainda longe de ser um desafeto, ao ser campeão mundial de clubes.

Em 28 de novembro de 1995, o Ajax de Van Gaal, que acumulava longa série invicta e encantou a Europa ao conquistar a Liga dos Campeões da Europa, tinha pela frente o Grêmio de Felipão, então vencedor da Libertadores com um futebol guerreiro e até considerado violento.

Os holandeses sofreram, não jogaram como se esperava no Japão e, mesmo com o zagueiro gremista Rivarola expulso aos 12 minutos segundo tempo, ficaram no 0 a 0, inclusive, durante mais de meia hora de prorrogação. Nos pênaltis, o troféu ficou com os europeus, já que Arce e Dinho desperdiçaram suas cobranças.

Em Brasília, é possível que o terceiro lugar também seja definido nos pênaltis, em caso de igualdade no tempo normal e na prorrogação, e mesmo o que antecede essa disputa na Copa do Mundo tem semelhanças com as vésperas do Mundial de Clubes de 1995. A começar por Van Gaal.De acordo com o jornal A Gazeta Esportiva, o holandês desembarcou no Japão a três dias da decisão e já se dizia em desvantagem. "A partida começa 1 a 0 para o Grêmio, que já está na frente porque vem treinando há dias aqui", queixou-se Van Gaal, lembrando que Scolari estava no país a seis dias do jogo. Na Copa atual, o técnico reclama que o Brasil teve um dia a mais de descanso antes de tentar o terceiro lugar.

A rixa entre os treinadores, contudo, não existia. O que havia era uma apreensão sobre um estilo considerado violento dos gaúchos, como o técnico alemão Joachim Low chegou a se queixar antes de aplicar 7 a 1 no Brasil na terça-feira. "O treinador Luiz Felipe Scolari, que já renovou contrato por R$ 50 mil mensais com o Grêmio, tem o seu cala-boca particular: provar a treinadores consagrados que o acusam de jogo defensivista e violento que um ‘gringo tosco’ do Rio Grande do Sul pode ser campeão", relatou A Gazeta Esportiva.

Mas, como ocorreu nesta semana no Mineirão, o time de Scolari pouco cometeu faltas na decisão de 19 anos atrás - foram só 17 faltas, contra 23 dos rivais. A disposição da marcação do time montado por Scolari, inclusive, foi elogiada por Van Gaal. "O Ajax não jogou bem, mas o Grêmio entrou com uma boa defesa, que não nos deixou espaços para jogar nosso futebol habitual", explicou o treinador, que também culpou as condições do gramado no estádio Olímpico de Tóquio.

Quem destoou da raça sem violência foi Rivarola, expulso por dar uma tesoura na qual acertou o pé esquerdo na canela direita de Patrick Kluivert. O então atacante, aliás, segue ao lado de Van Gaal, mas agora no banco. Kluivert é um dos auxiliares do técnico, assim como Danny Blind, que hoje tem seu filho, Daley Blind, entre os titulares da seleção holandesa.Em 1995, Kluivert foi um dos poucos a conseguir espaço na defesa gremista no Japão, finalizando com perigo e até cabeceando uma bola no travessão, recebendo nota 6 de A Gazeta Esportiva porque "mesmo marcado, mostrou sua habilidade". O centroavante, porém, chutou para fora sua cobrança de pênalti na decisão. Blind, por sua vez, mereceu nota 7 porque "defendeu com eficiência e distribuiu jogo no ataque" e ainda converteu a última penalidade, garantindo o título.

O desfecho nas penalidades pôs fim ao sonho de bicampeonato mundial gremista. Felipão sempre lembra que tinha no lateral direito Arce, também ídolo no Palmeiras, o seu melhor cobrador de pênaltis, mas o viu batendo no travessão no Japão, enquanto o também confiável Dinho facilitou a defesa do goleiro Van der Sar. Toda a estratégia armada por Scolari acabou se tornando inútil em Tóquio.

"O Ajax não encantou os milhões de torcedores que acompanharam o jogo pela TV, decepcionando quem imaginava ver um time arrasador, que não daria chances ao guerreiro Grêmio. Apesar disso, o título nos pênaltis fez justiça a quem mais procurou o gol nos 120 minutos", descreveu A Gazeta Esportiva.

"É verdade que o Grêmio foi prejudicado pela expulsão de Rivarola, aos 12 minutos do segundo tempo. Seguindo a filosofia do treinador Luiz Felipe Scolari, o Grêmio recuou e reforçou a marcação. Arílson cedeu lugar para o zagueiro reserva Luciano. No entanto, o destaque ficou mesmo por conta do capitão Adílson, que, além de ser um líder em campo, teve tranquilidade para efetuar uma precisa marcação ao adversário, sem dar espaços aos habilidosos jogadores do Ajax", concluiu o jornal.

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