O embaixador da Bolívia no Brasil, José Kinn Franco, disse nesta terça-feira (12), na Câmara dos Deputados, em Brasília que houve um golpe de Estado em seu país, construído pela extrema direita boliviana antes das eleições presidenciais, que ocorreram em 20 de outubro.
Embaixador Franco descartou a hipótese de fraudes nas eleições presidenciais na Bolívia
“Quero aproveitar para fazer a denúncia desse golpe que foi construído já antes das eleições. Foi organizado, programado e estruturado especialmente pela extrema direita de nosso país, que é uma direita muito conservadora, violenta, racista e que está agora fazendo perseguição das lideranças do nosso partido, o MAS (Movimiento al Socialismo, em espanhol), além de deputados, senadores”, disse o embaixador, após se reunir com líderes de partidos da oposição.
De acordo com informações oficiais, Evo Morales obteve 47,07% dos votos e seu principal concorrente, Carlos Mesa, alcançou a 36,51%. A apuração, no entanto, foi marcada por polêmica, e uma missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou problemas como a falta de segurança no armazenamento das urnas e a suspensão da apuração. No domingo (10), em meio a protestos em todo país, Evo Morales renunciou ao cargo.
Na Câmara, o embaixador Franco descartou a hipótese de fraudes nas eleições presidenciais. “[observadores da OEA] Não demonstraram nunca [a fraude nas eleições]. Se vocês olham o informe da OEA, não tem a palavra fraude, não tem a palavra manipulação da votação. Falam de irregularidades, mas não de fraude”, disse.
Ele também anunciou que vai renunciar ao cargo de embaixador, como já fizeram outros representantes bolivianos pelo mundo, mas não disse quando: “Temos algumas renúncias dos embaixadores, que em solidariedade ao presidente Evo Morales também apresentaram a renúncia. Mas, também temos algumas outras tarefas a cumprir, por isso eu não renunciei, mas vou renunciar em algum momento também”, assegurou.
Asilo no México
Evo Morales chegou nesta tarde à Cidade do México, capital mexicana, depois que o país lhe concedeu asilo político. Ele chegou acompanhado de Álvaro García Linera, seu vice-presidente, que também renunciou ao mandato no último domingo, além de representantes do corpo diplomático mexicano.
Ao chegar ao México, Morales fez apelo, pelas redes sociais, à toda população boliviana para colaborar para que não haja mais derramamento de sangue. Ele agradeceu ao presidente mexicano, que "me salvou a vida". Segundo Evo Morales, no último sábado (9), quando chegava a Cochabamba, um membro do Exército mostrou mensagens e chamadas que demonstravam um pedido para "entregá-lo em troca de US$ 50 mil". "Por isso agradeço, pois me salvaram a vida", disse.