Apesar de embargada pela Prefeitura de São Paulo, a obra onde uma pessoa morreu em 1º de março deste ano, nos números 720 e 736 da Avenida Liberdade, na região central da capital, continua em andamento. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo foi até o local na manhã desta terça-feira (3) e flagrou três operários trabalhando no local.
A construção que desabou matou o auxiliar de limpeza Marco Antonio dos Santos, de 51 anos, que passava pela calçada. Na ocasião, o prédio ruiu totalmente e uma grande cratera se formou. Nesta terça-feira (3) a obra já estava em situação avançada. Um galpão estava quase completamente construído. Um dos funcionários parecia fazer o reboco de uma parede.
O advogado do proprietário do imóvel, Thomas Nicolas Chryssocheris, disse que as obras em andamento são apenas emergenciais. De acordo com ele, um laudo pericial demonstrou que o desabamento foi provocado por um vazamento da Sabesp.
A assessoria da Prefeitura de São Paulo informou que foi registrado um boletim de ocorrência por crime de desobediência pela continuidade das obras embargadas. Segundo o órgão, o Município não pode por conta própria paralisar as atividades e sua obrigação é apenas informar a polícia. A Prefeitura, até as 12h desta terça-feira, não indicou a data e o local em que foi registrado o boletim. Com as informações prestadas pela administração municipal, a Secretaria de Segurança não conseguiu localizar nenhum registro da ocorrência.
O delegado titular do 1º DP (Sé), José Sampaio Lopes Filho, disse que não localizou nenhum registro de ocorrência sobre crime de desobediência relativo à obra. A delegacia é responsável pelo inquérito do desabamento. Segundo Lopes Filho, o inquérito já foi encaminhado para o fórum, mas ainda não há confirmação da denúncia pelo Ministério Público. Segundo o delegado, dois engenheiros e o proprietário do imóvel foram indiciados por homicídio doloso. Só estamos esperando laudo pericial que está vindo para a delegacia e iremos mandá-lo para o juiz", disse ele. "A polícia não tem o poder de parar a obra . A prefeitura, entendo, podia parar".