Mais de um terço dos mineiros possui contas em atraso e 14,6% não sabem quando conseguirão quitá-las, aponta Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada ontem pela Fecomércio MG, com dados de dezembro. Os índices ultrapassam o registrado em dezembro de 2017. Naquele mês, os inadimplentes representavam 25% e os que não tinham previsão de quando iriam saldar o débito eram 9,4%.
Os endividados, aqueles com parcelas a pagar, também registraram aumento. Em dezembro, 70,9% dos consumidores possuíam algum débito, como cartão de crédito, cheque especial, financiamento de carro ou imobiliário. O índice é 1,1 ponto percentual superior aos 69,8% verificados em dezembro do ano anterior.
A deterioração da renda do consumidor, aliada à falta de planejamento financeiro do brasileiro, é responsável pelo quadro, afirma a analista de pesquisas da Fecomércio MG, Elisa Castro. “O desemprego aumentou e a renda das famílias piorou muito. Mas muitas pessoas continuaram a fazer dívidas e não conseguem pagar o que devem”.
Ela explica que o endividamento é algo saudável, desde que a pessoa consiga honrar os compromissos financeiros. “O endividamento representa a capacidade de consumo da população”, explica.
Na teoria, uma sociedade que se endivida tem boas perspectivas de mercado ou, no mínimo, um dinheiro reserva. Dessa forma, sabe que lá na frente terá dinheiro para pagar. O problema é que as pessoas dão passos maiores do que as pernas e gastam mais do que deveriam.
E o problema é maior entre as famílias com renda menor que 10 salários mínimos. “Essas famílias são mais sensíveis às mudanças econômicas”, afirma Elisa. Quando questionadas quão endividadas elas se consideram, 17,8% responderam “muito”. A mesma resposta foi dada por 9,5% das pessoas inseridas em núcleos familiares com renda superior a 10 salários.
Apesar de ter os maiores juros do mercado (278,88% ao ano), o cartão de crédito é o principal compromisso dos brasileiros. Em dezembro, 88,8% dos mineiros deviam às operadoras do “dinheiro de plástico”. O índice é bem maior do que os 70,2% apurados em dezembro de 2017. Em segundo lugar aparece o cheque especial, que tem juro superior a 300% ao ano, com 12,4%.