Entidades mineiras esperam que isenção de visto atraia mais estrangeiros

Rafaela Matias
20/03/2019 às 20:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:53

(Lucas Prates)

A isenção de vistos para a entrada de cidadãos norte-americanos, australianos, canadenses e japoneses no Brasil, medida anunciada oficialmente pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) na última terça-feira, poderá aquecer o turismo em Minas Gerais. 

A entrada facilitada para estrangeiros era uma reivindicação antiga dos empresários do ramo, especialmente em relação aos visitantes dos Estados Unidos. Conforme levantamentos feito pela JR & MvS Consultores, empresa especializada em Hotelaria e Turismo, a expectativa é a de que a mudança traga 18 mil novos hóspedes estrangeiros por ano ao Estado.

Para o consultor Maarten Van Sluys, o aumento deve ser sentido ainda neste ano. “Hoje, cerca de 16% dos hóspedes que utilizam hotéis e outros meios de hospedagem em Minas são estrangeiros. A expectativa é a de que em seis meses possamos elevar este percentual para 19%”, afirma ele, ressaltando que, embora Minas Gerais receba menos estrangeiros que outros estados brasileiros, setores como mineração, siderurgia e algumas indústrias, em especial nas atividades agrícolas, recebem técnicos australianos e americanos. “Já os japoneses são acionistas da Usiminas e de outras empresas locais”, afirma.

Conforme dados do Ministério do Turismo, Belo Horizonte é o quarto destino mais procurado pelos turistas australianos para negócios, eventos e convenções. A cidade também figura nos cinco mais buscados entre americanos e canadenses para “outros motivos”. Em 2017, o Estado recebeu mais de 10 mil visitantes vindos de Estados Unidos (8.510), Canadá (1.547), Japão (102) e Austrália (303). Cada um deles gastou, em média, R$ 200 por dia. 

Um dado que chama atenção para a necessidade de fomento no setor é que Belo Horizonte não se destaca como destino mais procurado para lazer em nenhum dos quatro países. 

Para a Belotur, ainda é cedo para fazer uma estimativa concreta sobre o impacto da isenção do visto, mas Marcos Boffa, diretor de políticas de turismo e inovação, acredita que a medida poderá ajudar a melhorar o posicionamento da cidade. Ele ressalta, porém, que outras estratégias também são necessárias. “Uma coisa muito importante é melhorar a nossa conectividade aérea. Belo Horizonte só tem vôos diretos para Estados Unidos, Argentina e Portugal, o que representa um obstáculo para o turista, especialmente aquele que vem a lazer”, afirma. 

Segundo ele, os atrativos no entorno da capital mineira também precisam ser mais divulgados no exterior. “Temos Ouro Preto, Congonhas, Inhotim. Precisamos reforçar esse poder de atração”, diz, garantindo que o Carnaval e outras mostras de cultura e gastronomia são algumas das estratégias dos órgãos municipais para atrair mais turistas.

Em nota, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Marcelo Matte, comemorou a estratégia do Executivo federal e afirmou que ela pode até ajudar na geração de novas vagas de emprego em Minas. “Acreditamos que a medida possa atrair mais visitantes ao Brasil no curto prazo, e nossa expectativa é a de que irá potencializar o turismo e, consequentemente, a geração de empregos e renda no Estado”, afirma.

A expectativa do Ministério do Turismo é que a medida contribua para que o país atinja a marca de 12 milhões de visitantes estrangeiros até 2022, quase o dobro dos atuais 6, 6 milhões. A meta estabelecida pelo Plano Nacional de Turismo 2018-2022 tem como objetivo reduzir o déficit cambial do setor que, apenas em 2017, ficou em US$ 13,2 bilhões.

Hotéis, bares e restaurantes esperam crescimento de até 15%

O presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de Minas Gerais (Fhoremg), Paulo Pedrosa, acredita que o setor seja o mais beneficiado pela isenção de vistos para turistas de Estados Unidos, Japão, Canadá e Austrália.. A expectativa, segundo ele, é a de que a facilitação provoque um aumento de 10% a 15% no faturamento dos próximos meses. 

“Calculamos que a média de gastos do turista estrangeiro chegue a R$ 600 por dia, por isso temos muito a ganhar com essa facilitação. O hotel ganha, o shopping ganha, o restaurante, quem faz o transporte, as agências de turismo, há toda uma cadeia de beneficiados”, acredita. 

Segundo ele, os destinos mais procurados em Minas são Inhotim, Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Araxá, Poços de Caldas, Circuito das Águas, São João Del Rei e Monte Verde. “Temos uma rede hoteleira imensa, com resorts e pousadas que não deixam a desejar em nada”, afirma. 

Helder Primo, gerente operacional e guia turístico da Primotur Receptivo, acredita que o cenário favorável ajudará a impulsionar o mercado. Na empresa onde trabalha, 60% da demanda vem de turistas estrangeiros, especialmente canadenses, japoneses e europeus. 

“Tivemos uma queda recente por causa da questão das barragens e, por isso, achamos que essa medida chegou na hora certa, para ajudar a reaquecer as vendas”, afirma. Segundo ele, cada visitante gasta, em média, R$ 250 por passeio. 

No hotel Ouro Minas, 22% dos hóspedes no ano passado vieram de outros países, o equivalente a 14 mil pessoas. “A maior parte são norte-americanos e, em segundo lugar, estão os argentinos, que já não precisavam de visto, o que nos leva a crer que realmente essa questão pode ser relevante” acredita Monaline Alvarenga, gerente de marketing do Ouro Minas. 

Para agradar os hóspedes, o hotel oferece passeios turísticos que incluem Inhotim, Ouro Preto e Belo Horizonte. Editoria de Arte

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