Entressafra garante melhores preços na arroba do boi na região: há dois anos a arroba não ultrapassa a casa dos R$ 56, segundo o Sindicato rural

Jornal O Norte
21/07/2006 às 11:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:40

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Ao que tudo indica os preços da arroba do boi devem sofrer aumento nesse período de entressafra em todo o Brasil. Segundo informações do Sindicato rural de Montes Claros, até agora o aumento não saiu da casa de um real por arroba, mas as expectativas são grandes.

Até os meses de setembro a outubro, os animais que estão confinados, alimentados em cochos com sais minerais entre outros, devem ganhar um quilo por mês, o que deve render ganhos na hora de pesar o animal.




Produtores do Norte de Minas estão apostando no confinamento


(foto: Valéria Esteves)

A oferta de animais de pasto para abate está diminuindo, o que significa sinais do início da entressafra. A escala de abate nos frigoríficos que era, em média, de 30 dias, está em 10 dias e os preços apresentaram um aumento de 5% em algumas regiões.

A diretora de marketing de um frigorífico, Carolina Porto Barreto garante que o modelo de compra continua sendo o preço de mercado mas, com trinta dias para o pagamento.  

PREÇOS

Júlio Pereira, presidente do sindicato, disse que a tendência é que os preços melhorem nos próximos meses, mesmo porque a procura aumenta e a oferta diminui.

Para alguns especialistas o confinamento de boi pode não significar um ganho no somatório do preço pago ao produtor no final das contas, caso que acontece nas regiões de Mato Grosso, Paraná entre outras.  Pode ser que o consumidor sinta no bolso, o acréscimo nesses meses que se seguem, mas os especialistas não sabem precisar o valor nem a quantidade.

Conforme informações do boletim agropecuário, o analista de mercado Luciano Vacari, responsável pelo CentroBoi - Central de comercialização de boi criado pela Famato - Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, diz que a redução da escala nos frigoríficos e a reação no preço da arroba mostram, claramente, que já não existe grande oferta de animal pronto para abate.

- A reação acontece nas áreas onde os pastos começam a perder a qualidade por causa da seca. Em Cáceres, por exemplo, na primeira quinzena do mês de julho a escala era de 30 dias e agora está em uma semana e o preço praticado, que era de 35 reais passou para 37 reais a arroba. Na região norte, onde chove mais, os pastos ainda se mantêm bons e a oferta também, por isso essa reação dos preços ocorre de forma mais lenta - explicou.

ENGORDA

Para o presidente do Sindicato rural de Montes Claros, o confinamento na região tem ganhado o gosto de alguns pecuaristas. A engorda intensiva vai se apresentar mais fortemente no final do ano. Pelo menos, a arroba está sendo mais bem paga no Norte de Minas, onde há alguns anos não se vê falar em febre aftosa como aconteceu no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Há dois anos a arroba não saiu do preço de R$56, apesar de em 2005, ter alcançado por alguns dias a casa dos R$ 60. Nesse ano a arroba, hoje encontrada a R$ 49, deve chegar até os R$ 56.

Os frigoríficos esperam que num prazo médio de 5 anos o setor demonstre transparência e consiga uma aproximação com os fornecedores da matéria-prima.

- Queremos conhecê-los para saber das necessidades e assim formar boas parcerias, porque a região não oferecia quantidade suficiente de boi gordo. E essa não seria uma justificativa da empresa, porque sabe da capacidade disposta pela produção de gado de corte do Norte de Minas.

INDÚSTRIA DE DESMONTAGEM

A intenção dos frigoríficos é mostrar para o pecuarista como essa indústria de desmontagem trabalha. A receita para o sucesso está nos modelos adotados pelo sistema integrado de gestão, assim como o trato com os clientes e funcionários, tanto em Minas Gerais como em Cajamar, Mato Grosso do Sul, São Paulo e em Rondônia.

Carolina Porto Barreto, responsável pelo marketing diz que o frigorífico Independência, antes de vir para a região fez um estudo no qual constava que o Norte de Minas dispunha de boi gordo o suficiente para colocar o frigorífico a todo vapor.

Ela disse que a proposta dessa indústria que trabalha com carne para exportação, bem como para importação é contribuir para a arregimentação da economia, além de fazer bons negócios para a mesma. Informou que a empresa teria investido nessa empreitada aproximadamente 10 milhões de dólares.

Toda a indústria emprega cerca de 5.600 pessoas, 480 só em Cajamar. O frigorífico paga o preço de mercado pela arroba do boi nos lugares em que atua. No Norte de Minas, pagou até a última semana, cerca de R$ 48 com trinta dias.

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