80 anos após se despedir das telonas, personagem de Charlie Chaplin ainda faz sucesso na noite de BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
29/09/2015 às 09:16.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:53
 (Hoje em Dia)

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Há quase 80 anos, um dos personagens mais famosos do cinema mundial se despedia das telas. “Carlitos”, de Charlie Chaplin (1889- 1977), preparava-se para abrir alas para o advento do som nas telonas no filme “Tempos Modernos”. Mas, ainda hoje, o ícone de calças largas, chapéu-coco e bengala ainda vive por meio da memória de fãs. Um deles, ironicamente, é um “trabalhador do som” e é conhecido como “DJ Chaplin”.

Estes é um dos papéis mais demandados pelo DJ Alejandro Garcia, que se vale da indumentária chapliniana para chamar atenção atrás das pick-ups. Alejandro se apresenta com cara branca, sapatos número 45, com os pés trocados, os semelhantes chapéu, calças largas, bengala e três bigodinhos dentro do bolso – vai que bate um vento e leva o que está colado no rosto do performer. “Isso já aconteceu”, justifica.

 

A ideia veio após "perseguição" chapliniana

O DJ Chaplin nasceu há um ano. “Estava ‘vendo’ muito Carlitos. Ia a algum lugar, via um quadro, um livro. Parece que a ideia me perseguia”, lembra. Desde então, é um prediletos entre os pedidos para discotecagem em festas. Como no personagem original de Chaplin, o Carlitos DJ não fala. A linguagem dele é feita por meio daquilo que justamente teria encerrado a história do personagem nos cinemas: o som.

E mesmo sem dar um pio... “Em todos os locais, quando apareço, é como se chegasse algo lúdico. Hoje, o mundo está muito seco”, avalia. O assédio nas festas para selfies e abraços é tamanho que, recentemente, Alejandro precisou contratar um DJ auxiliar, para assumir o maquinário momentaneamente, enquanto os convivas se divertiam com o inesquecível – e desengonçado – personagem.

A demanda musical vai de acordo com o gosto do dono da festa. Mas Alejandro quer ir mais além. “Estou preparando uma forma mais renovada para mixar as trilhas dos filmes do Chaplin”, diz. Aos 40 anos, Alejandro Garcia vem encarnando Carlitos quase todo final de semana. Elvis Presley, Elton John, John Lennon também estão entre as seleções do performer. Carlitos, porém, “é o mais fácil de ganhar a alegria das pessoas”.

Assim como o pai, belo-horizontino ostenta o nome do icônico personagem

O belo-horizontino Carlito Júnior, 26 anos, é garçom. O pai dele, Carlito também, mas já falecido, era metalúrgico. Em comum, o nome do personagem que encantou os avós do garçom nos cinemas, no século passado. “Meu pai assistia a comédias antigas, gostava de dar risadas e me contava as histórias”, diz o herdeiro, primogênito entre mais três irmãos.

“Tenho um quadro com imagem do filme ‘O Garoto’. Mas Carlitos está com a mão apoiada na cabeça do menino, meio triste. Foi uma amiga da minha mãe quem deu, por saber que meu pai gostava muito do personagem”, lembra, sobre o filme de 1921 – era o auge da vida de “Carlitos”.

Em “Tempos Modernos”, Carlitos ousa abrir a boca apenas em um breve momento. “Ele canta uma música sem significado, como se fosse uns blablablás”, lembra o professor de História do Cinema da UFMG, Luiz Nazario, sobre a tentativa de fala do personagem.

 

 

DE PAI PARA FILHO – Para Carlito – o mineiro e com o nome no singular – “o mito do personagem de Chaplin não morreu” (Foto:

Carlitos na perna e Chaplin na admiração

Mas Carlitos nasceu mudo, em 1914. O público viu o andarilho pela primeira vez no filme “Corrida de Automóveis Para Meninos”, parou de ver com "Tempos Modernos", mas o personagem continua a ser visto em uma outra possibilidade de "mídia" - a panturrilha do ator Éder Reis. Ele é professor de cursos livres na Sobrilá Companhia de Teatro, em Sabará, na Região Metropolitana de BH.

Aos 32 anos, Éder Reis é outro fã da nova geração a venerar o legado de Carlitos e expõe esta admiração por meio de uma simpática tatuagem. "Ele representa a nossa profissão. Admiro a expressão corporal dele, o tempo perfeito das ações", justifica.

Reis diz que achou a ilustração na internet e a estampou na pele há dois anos. E ao vestir uma bermuda para sair de casa, sempre alguém o chama para fazer elogios. "Ele foi muito ator", frisa.

 

"MUITO ATOR" - O simpático Carlitos faz sucesso na panturrilha do ator Éder Reis. Crédito: Arquivo Pessoal/Divulgação

Fotobiografia vai mostrar 900 fotos de bastidores

Em outubro, estas e outras histórias poderão ser lembradas no Brasil por meio do livro “The Charlie Chaplin Archives”, fotobiografia luxuosa da Taschen Books. Abaixo, acompanhe vídeo sobre o conteúdo deste livro inédito escrito pelo historiador Paul Duncan.

Marco Paes, diretor comercial da Paisagem Distribuidora, que representa a Taschen no Brasil, conta que a publicação traz, em 560 páginas, 900 imagens – algumas raras, feitas nos sets dos filmes, bem como storyboards, entrevistas com o ator e colaboradores. “É uma peça rara de Chaplin”, resume o diretor.

 


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