(Divulgação)
Um rápido olhar sobre o filme “A Gaiola Dourada” (já em DVD, pela Paramount) apontaria para uma abordagem política ao se esquadrinhar a relação de exploração de um humilde casal português, imigrante em Paris, por seus patrões franceses.
Facilmente poderíamos traçar, no longa-metragem de Ruben Alves, um retrato da Europa de ', sobre um Portugal em crise e de como os países do continente que hoje estão melhores economicamente dependem da mão-de-obra barata de fora.
A graça do filme está na repentina inversão dessa relação, quando José (Joaquim de Almeida) e Maria (Rita Blanco) se tornam herdeiros de uma propriedade em sua terra natal. Começa aí uma corrida de seus patrões para não permitir a saída dos dedicados funcionários.
Mas a obra não quer se estender nessa leitura. É tão cordial quanto seus protagonistas na maneira como estabelece o conflito, “punindo” os abastados ao mostrá-los dispostos a qualquer coisa para não deixá-los sair, inclusive uma impensável união de sangue.
“A Gaiola Dourada” está mais para uma comédia familiar, em que o único vilão (o sistema sócio-político) parece distante para incomodar um casal que nunca desaprovou o fato de ser muito requisitado, gostando de ser útil.
A lição que fica provocará calafrios nos mais engajados, pelo seu teor conciliador e voltado para a autoajuda, mostrando que a falta de grande aspirações nos deixa mais atentos às pequenos coisas da vida. Em tese, as mais importantes.