James Cameron é uma espécie de "pai" do 3D. Ele não inventou a ferramenta, mas é quem apostou, a partir de "Avatar" (2009), na tridimensionalidade como a retomada de uma experiência visual que só o cinema poderia oferecer.
Não é de estranhar que o diretor ("o rei do mundo", como se definiu ao receber o Oscar por "Titanic") também esteja à frente do filme "Cirque du Soleil – Outros Mundos", sobre o mais famoso circo acrobático do mundo.
Além de ter origem canadense, assim como a companhia, somente Cameron poderia igualar, na tela grande, a riqueza de uma apresentação ao vivo. "E conseguiu. O que ele fez é impressionante".
Quem atesta é alguém que conhece o Cirque du Soleil como poucos: o trapezista brasileiro Alessandro D’Agostini. Há 12 anos no grupo, participando do espetáculo fixo "O", em cartaz cinco vezes por semana num cassino de Las Vegas, nos Estados Unidos.
Cidade do jogo
É da cidade do jogo que Agostini conversa com a reportagem do Hoje em Dia, na tarde de quarta-feira (20), pouco antes de iniciar uma bateria de treinos fortes para as duas sessões noturnas. "Segunda e terça são o meu sábado e domingo", avisa.
O trapezista aparece em dois momentos do filme, um deles fazendo barra paralela no meio de um barco. "Não há falas, mas as imagens são fortes e maravilhosas. Mesmo conhecendo o espetáculo há tanto tempo, ficamos impressionados com os ângulos de câmera".
Fantástico
"Durante as filmagens, as câmeras apontavam para vários lugares diferentes. Estavam em cima da gente, no teto do ambiente, e também quase do nosso lado, por meio de gruas", afirma D’Agostini, que resume o encontro com Cameron como fantástico.
"Ele é super educado e atencioso. Não é fácil comandar uma produção desse tamanho", elogia o trapezista, que era formado em educação física e mestre em dança antes de se apaixonar pelo circo. "Quando o Soleil fez uma audição em São Paulo, achei que já tinha passado da idade. Fui por insistência de colegas e, após 11 horas, acabei entre os finalistas".