"A Natureza das Coisas", do diretor mineiro Anderson Aníbal, estreia nesta quarta

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
29/05/2013 às 08:34.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:39

Durante muitos anos, Anderson Aníbal flertava com o cinema quase sem perceber. Em praticamente todas as peças do diretor mineiro, saltava aos olhos um ingrediente comum à tela grande, como a estrutura das cenas, a relação espaço-tempo e a atuação mais sutil dos atores.

"Sempre bebi dessa fonte (o cinema), talvez porque seja a arte que eu mais vivenciei. É mais fácil você ver o cinema do mundo inteiro do que o teatro do mundo inteiro", observa Aníbal, ao comentar a transição do teatro para o cinema em "A Natureza das Coisas".

Com sessão única nesta quarta-feira (29), às 20h30, dentro do Projeto Zap 18, o longa-metragem tem como uma de suas principais referências a Nouvelle Vague de François Truffaut e de Jean-Luc Godard. "São citações que têm relação com a minha memória afetiva, mais do que qualquer discurso sobre teoria cinematográfica".

Mas é o estilo do diretor norte-americano Robert Altman ("Short Cuts – Cenas da Vida")que mais chama a atenção, presente na maneira como vários personagens se cruzam de forma casual e se assumem como protagonistas da história. O diretor da Companhia Clara de Teatro não esconde a inspiração, citando ainda "Magnólia", de Paul Thomas Anderson, que tem abordagem semelhante.

Fábula

Diferentemente do humor iconoclasta de Altman, o desejo do realizador é desembocar numa fábula contemporânea sobre as relações humanas nos primeiros anos do século 21. "Desde o nascimento da Companhia Clara de Teatro, o meu objetivo sempre foi o de construir uma dramaturgia próxima da gente. Ainda que de um jeito fabuloso, quis fazer um retrato da nossa geração", registra.

O ponto de partida de "A Natureza das Coisas" é a peça "Cinema", levada para os palcos em 2005. "Escrevi o texto justamente como uma forma de citar muitos filmes. É muito interessante a forma de jogar esses elementos".

Paixão que também explica a ousadia orçamentária, transformando R$ 100 mil obtidos por intermédio da Lei Municipal de Cultura – e que deveria dar origem a um média-metragem – num longa de 1h46. "É um longa longo para os dias de hoje", diverte-se Aníbal.

A duração extensa foi resultado, curiosamente, de uma filmagem enxuta, com 18 dias de trabalho. O diretor admite que a precariedade de produção foi resolvida com soluções extraídas do teatro. "Para um primeiro exercício, com as condições que tivemos, foi uma aventura", analisa.

Elenco tarimbado

Devido ao pouco tempo de preparação, Aníbal se cercou de profissionais com quem já havia trabalhado para "facilitar o diálogo" durante a produção. A trilha sonora, por exemplo, foi conduzida por João Márcio Pinho, parceiro de Anderson Aníbal em quase todas as produções teatrais da Cia Clara. O elenco conta com nomes tarimbados como Inês Peixoto, Eduardo Moreira, Isaque Ribeiro, Bruna Chiaradia, Cristiano Araújo e Beth Grandi.


Serviço

"A Natureza das Coisas" – Exibição nesta quarta-feira (29), às 20h30, dentro da programação da Zap 18 (rua João Donada, 18, bairro Serrano). Entrada franca.

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