(André Brant)
Alonso Gonçalves sempre foi bom de briga. Aos 70 anos, ainda é capaz de distribuir socos e tapas. Graças à essa “disposição” chegou à Rede Globo em 1998, após enviar um vídeo para Carlos Manga, então diretor artístico da emissora, em que ensinava a fazer uma boa cena de ação, com tiros e trocas de sopapos.
“Atirei para todo lado aqui mesmo, nessa sala, sem usar nenhuma bala de festim, recorrendo apenas a truques e efeitos digitais”, lembra Gonçalves à reportagem do Hoje em Dia, apontando para o apertado e abafado cômodo no subsolo de sua casa, no bairro Carlos Prates, que também serve de ilha de edição.
É também ali, cercado por oito gatos, que ele dá os últimos retoques no roteiro de “Os Companheiros”. Com filmagem prevista para esse semestre, na terra natal Formiga, o projeto o traz de volta à direção, função que desempenhou no mesmo estilo “cientista maluco de quintal” – como se define – que marcou a sua trajetória.
Produção caseira
Autodidata, ganhou expertise em ótica, fotografia e efeitos especiais valendo[/LEAD]-se de uma imensa curiosidade. Aos 13 anos, desmontou uma câmera fotográfica e fez um aparelho semelhante usando lentes e caixas de papelão. No cinema, foi a mesma coisa. Sem nenhum curso formal, passou a produzir seus filmes, ainda na década de 70, com o dinheiro que ganhava num laboratório de fotografia.
“Já fui chamado de trash, mas também elogiaram a qualidade das minhas cenas, não só as de ação como as que tinham atores dialogando”, observa. Verdade. Em 1985, Dalmy Veiga foi premiado no 3º Rio Cine Festival como melhor ator coadjuvante por seu papel em “Os Treze Pontos”, o segundo de cinco longas assinados por Gonçalves. “Ele trabalhava na parte de contabilidade do laboratório. Nunca tinha atuado antes”, orgulha-se.