Ana Paula Maia lança ‘De Gados e Homens’ em Belo Horizonte

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
Publicado em 28/10/2014 às 07:54.Atualizado em 18/11/2021 às 04:48.
 (Marcelo Correa)
(Marcelo Correa)

Ana Paula Maia confessa: durante um bom período, não conseguiu mesmo comer carne. “Sentia um certo nojo”, admite a escritora, que, após um hiato de três anos, volta à capital mineira para falar de sua mais recente investida no mercado literário: “De Gados e Homens” (Record, 128 páginas, R$ 30), no projeto Sempre um Papo – na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537), a partir das 19h30. O título, no caso, já dá uma boa pista: o protagonista da narrativa – Edgar Wilson – trabalha em um matadouro de gado.

Não que ela tenha feito uma pesquisa de campo – aliás, na verdade, o personagem já aparecia em “Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos”, folhetim pulp lançado na internet e que, posteriormente, em 2009, migrou para a versão física, também pela Record. E ainda no livro “Carvão Animal”.

Mas, claro, desta vez, o personagem demandou mais pesquisas: Ana dedicou um ano à construção do romance, e, para tanto, assistiu a vídeos, teve acesso a muito material impresso... Daí o já aludido “nojo”, que, sim, ela conseguiu vencer, com o tempo: a carne já voltou a frequentar seu cardápio.

E de onde surgiu essa narrativa? “Bem, tinha vontade de falar sobre a nossa relação com a carne. A questão dos matadouros, a gente está perto e, ao mesmo tempo, é um universo distante. Nesse momento mesmo, em que estou conversando com você, há um matadouro funcionando. Mas não é uma história condenatória, não estou julgando absolutamente nada. É uma questão que tem muito a ver com o Brasil, que é um dos maiores exportadores de carne bovina no mundo. Gosto de mostrar a relação do homem com o trabalho e sempre há animais em minhas narrativas – desta vez, o gado”, diz a carioca, de apenas 36 anos, que revela outra singularidade do livro: desta vez, a trama não traz personagens femininas. As protagonistas ficam, metaforicamente, por conta das vacas, que acabam tendo um comportamento perturbador, alterando a rotina.

O livro “De Gados e Homens”, na verdade, chegou às livrarias há exatamente um ano. Desde então, Ana Paula Maia vem viajando pelo país (e pelo mundo), participando de feiras e eventos literários. Em breve, embarca rumo à Áustria, onde participa, mais uma vez, do Fórum de Literatura de Viena.

O encontro cara a cara com o leitor é, para ela, sempre bem vindo. Principalmente no caso específico deste título. “É o meu melhor livro em termos de feedback, o que mais despertou curiosidade, e o que foi melhor em vendas”, diz ela, que, modesta, se esquiva de avaliar o porquê. Seja como for, Ana entende que, em encontros como o que protagoniza nesta terça-feira (28) à noite, “o autor percebe se passou aquilo que queria passar para o leitor, e esses sempre trazem um elemento novo, lacunas que preenche”.

TIRA-GOSTOS

Ana Paula estreou na literatura há 11 anos, com “O Habitante das Falhas Subterrâneas” (7 Letras). Depois, vieram outros títulos, como “A Guerra dos Bastardos” (Língua Geral, 2007) e “Carvão Animal” (Record, 2011).

Atualmente, ela se debruça sobre o folhetim que publica semanalmente na Internet. “São capítulos, chamo de tira-gostos, textos curtos”. O de agora é “Desalma”, e tem relação com o próximo romance da autora. “Mas não sei até que ponto”.

Já a Ana Paula Maia leitora dedica suas horas vagas à releitura de “O Bebê de Rosemary”, de Ira Leven. “É uma história sobrenatural, um livro muito bom. Assisti ao filme também (sob a direção de Roman Polanski)”.

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