Após delações, Neschling é afastado da direção artística do Municipal

Folhapress
Hoje em Dia - Belo Horizonte
06/09/2016 às 14:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:43

(Reprodução)

 prefeitura.

A decisão desta segunda foi tomada pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC), organização social ligada à prefeitura e que responde pelas contas do teatro.

Neschling hoje é investigado no Ministério Público e também é alvo de uma CPI na Câmara dos Vereadores desde que foi citado em duas delações: de José Luiz Herencia, ex-diretor geral do teatro, e de William Nacked, diretor afastado do IBGC. Ambos os delatores são investigados por participação em esquema que causou rombo de R$ 15 milhões nas contas da instituição.

As suspeitas que eles apontam sobre Neschling são de conflito de interesses nas contratações comandadas pelo maestro, e entre elas está a de um agente internacional que o representa no exterior, Valentin Proczynski.

Diversas vezes durante o último ano, o prefeito Fernando Haddad interveio pela permanência do maestro no cargo. Após o escândalo sobre as contas do teatro vir a público, em março, a prefeitura nomeou um interventor, Paulo Dallari, para pôr ordem na casa. Dallari, porém, se afastou em agosto, alegando divergências em relação às investigações conduzida pela Controladoria Geral do Município.

O interventor pediu a demissão de Neschling a Haddad, mas não foi atendido.  A Folha apurou que o conselho administrativo do IBGC também defendia a demissão do maestro. Contra isso, era alegado o comprometimento com a qualidade da programação do Municipal.

Neschling é conhecido por ter elevado, entre 1997 e 2009, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) a um nível internacional. Ele foi demitido em 2009 da direção da Osesp durante o governo de José Serra.

O afastamento seguiu denúncias de autoritarismo por músicos Osesp e farpas trocadas com o governador.  O maestro chamou José Serra de "menino mimado" e ganhou, com o episódio, o apelido de Neschlíngua.

Notas oficiais

Em nota, o maestro definiu o rompimento de contrato com o Theatro Municipal como "unilateral, ilegal e arbitrário". A decisão, diz, "será objeto de providências legais, sujeitas a avaliação conjunta com meus advogados". "Mantenho-me com altivez, de cabeça erguida. Não participei de nenhum esquema, de nenhum tipo de falcatrua. Reitero a minha inocência. Sempre julguei que aquele que é inocente deve permanecer onde está para aguardar com tranquilidade a investigação em todos os âmbitos", disse, no texto.

O maestro responsabilizou atuação do Ministério Público, a quem atribui pressão nos órgãos municipais por sua demissão.

O promotor Arthur Lemos, responsável pelo caso, diz que "o MP investiga os fatos com muita cautela". Por nota, afirmou ainda que "sem perder o respeito com os investigados e seus direitos individuais, a investigação criminal vai a fundo para que todos os fatos sejam desmantelados".

Sobre as frequentes reclamações da defesa de Neschling de que o maestro não tenha sido ouvido ainda no inquérito, o promotor explica: "O advogado do maestro, há muito tempo, tem acesso aos autos do procedimento investigatório". Segundo ele, Neschling "será inquirido no momento oportuno e terá a oportunidade de dar sua versão para os fatos sob apuração".

Por nota, a secretaria de comunicação da prefeitura reconheceu o valor do trabalho desenvolvido pelo maestro "ao longo dos últimos três anos" no Theatro.

O texto também reitera que o afastamento não se deu em razão de análise da Controladoria Geral do Município, "uma vez que as apurações sobre asilegalidades praticadas ainda estão em curso". A agenda de apresentações do Municipal segue inalterada, segundo a assessoria de imprensa do IBGC.

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