Após sucesso de Hawks e Hitchcock, Cine Humberto Mauro traz obras de Kubrick

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
Publicado em 21/01/2014 às 07:09.Atualizado em 20/11/2021 às 15:29.

Escolhido por críticos e veículos de imprensa como a “casa” das principais mostras de cinema realizadas no país, após receber, no ano passado, a filmografia completa de diretores consagrados como Howard Hawks e Alfred Hitchcock, o Cine Humberto Mauro irá buscar o bicampeonato em 2014.

Uma das mostras já praticamente acertadas é a do cineasta Stanley Kubrick, que terá toda a sua obra reunida pela primeira vez em Minas Gerais. A meta é igualar ou superar os bons números de Hawks e Hitchcock, que levaram oito mil e 20 mil pessoas, respectivamente, ao cinema do Palácio das Artes.

Rafael Ciccarini, gerente do CHM, adianta que, com exceção dos curtas-metragens e do primeiro longa (“Medo e Desejo”), os filmes de Kubrick ganharão projeção em DCP (Digital Cinema Packpage), tecnologia que, para muitos analistas, já apresenta uma qualidade superior à película.

A mostra acontecerá justamente no ano em que se comemora o cinquentenário de lançamento de “Doutor Fantástico”, sátira antibelicista considerada um dos melhores trabalhos de Kubrick ao lado de “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (1968), “Laranja Mecânica” (1971) e “O Iluminado” (1980).

“Depois do sucesso das mostras dedicadas a Hitchcock e Hawks, a responsabilidade é grande, principalmente porque teremos a concorrência da Copa do Mundo e das eleições. Mas estou muito animado e vamos dar continuidade com essa política de programação”, assinala Ciccarini.

CINEMA PIONEIRO

Uma segunda grande mostra, ainda mantida em segredo, está em gestação. E haverá outra, igualmente extensa, reservada ao pioneiro diretor mineiro Humberto Mauro, marcada para pouco antes da Copa do Mundo. “Além dos filmes, estamos programando palestras que tragam um recorte diferente sobre a obra de Mauro”, adianta Ciccarini.

Ele cita, por exemplo, a aproximação de cineastas do Cinema Novo com o mestre mineiro, que ainda não foi bem estudada, na avaliação do gerente. “Assim como a Nouvelle Vague detonou o cinema contemporâneo e resgatou a obra de Jean Vigo e Jean Renoir, Glauber Rocha fez a mesma coisa no Brasil, encontrando em Mauro o autor que o influenciaria”.

Para Ciccarini, a mostra também ajudará a dar maior evidência à obra do pioneiro. “As pessoas sabem que existiu um diretor como Mauro, mas são poucas as que viram seus filmes. Não sabem que ele fez filmes fortes e provocadores. Será uma maneira de retomar a força de seu cinema”, assinala.

Sobre a exibição dos cerca de 300 curtas que Mauro dirigiu para o Instituto Nacional de Cinema Educativo (Ince), entre 1936 e 1964, afirma que o mais provável é que não se exiba todos, limitando-se ao que ele considera os mais criativos. “Ainda assim deverá ser a maior mostra dedicada ao diretor, em Minas e possivelmente no Brasil”, salienta. 

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