Após trabalhar repertório de Tom Jobim, Vanessa da Mata volta ao autoral

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
Publicado em 13/04/2014 às 14:48.Atualizado em 18/11/2021 às 02:06.
 (Marcos Hermes)
(Marcos Hermes)

Quando entrou para o estúdio para desenvolver o sucessor de “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias” (2010), Vanessa da Mata se deparou com o convite irrecusável de viajar pelo país com o repertório de Tom Jobim. Durante um ano, se dedicou ao maestro e deixou o projeto engavetado. No final do ano passado, com “saudade de si mesma”, retornou ao repertório autoral que já havia gravado, mas com um novo olhar e aberta a muitas mudanças.

“Quando fiz o projeto sobre Tom Jobim, não ouvia minhas músicas. Era um descanso necessário. Quando ouvi de novo, vi que algumas músicas não estavam tão boas”, conta Vanessa da Mata, que mostra o repertório definitivo no álbum “Segue o Som”, que acaba de chegar às lojas por meio da Sony.

Decidida a mudar o disco que estava sendo concebido, Vanessa se colocou na tarefa de se debruçar sobre um novo material. Transformou arranjos, retirou cinco faixas e desenvolveu outras músicas, como o reggae moderninho “Toda Humanidade Veio de Uma Mulher”, em que canta sobre uma figura feminina que é “forte aparentemente, mas falha como toda a gente”.

“Em todos os meus discos, sempre houve umas cinco ou seis músicas que ficaram de fora, por não estarem boas o suficiente naquele momento. Uma delas foi ‘Boa Sorte’. Só senti que estava realmente pronta quando o parceiro (Ben Harper) mexeu na melodia”, confidencia Vanessa, sobre o seu maior hit, presente no álbum “Sim” (2007).

Time de primeira

Em “Segue o Som”, ela pôde contar com antigos parceiros. A produção ficou com Liminha e Kassin – que já haviam produzido discos seus anteriormente – e a gravação foi feita por músicos de alto nível, como Marcelo Jeneci e Fernando Catatau, que já fizeram parte de sua banda.

Segundo a artista, os produtores trabalharam de forma complementar e, depois dessa parceria, passaram a realizar outros projetos em conjunto – como o DVD “In Rio”, de Bebel Gilberto. “O Kassin é muito ligado a novidades, timbres novos e tecnologia. O Liminha atua na construção das bases e nas harmonias, onde gosta de mexer muito. Brincamos muito em todo o processo”, diz Vanessa, que compôs em parceria com Liminha e Kassin a música “Um Sorriso Entre Nós”.

Disco traz releitura de sucesso setentista e 1ª composição em inglês

O álbum traz 12 faixas autorais, uma remixagem para a faixa-título e a releitura para “Sunshine on My Shoulders”, grande sucesso setentista de John Denver. “Lembro de ouvi-la na adolescência. Se chegou até a minha cidade, que é muito pequena Alto Garças, um município de 9 mil habitantes do Mato Grosso), é sinal de que foi um sucesso absoluto no mundo todo. Um ano antes da gravação do disco, a ouvi no rádio e pensei como essa música é bonita, um folk diferente”.

Kassin e Liminha chegaram a acreditar que a música americana não merecia entrar para “Segue o Som”, mas Vanessa bateu o pé e conseguiu oferecer uma linguagem pop romântica cativante para ela. “Quis fazer um arranjo totalmente novo. O Kassin teve uma primeira ideia, eu fiz um riff e o Liminha foi acompanhando. A criação foi caminhando e fluiu”, lembra.

Estreia em inglês

Outra novidade é “My Grandmother Told Me (Tchu Bee Doo Bee Doo)”, sua primeira composição em inglês. “Quando você muda de língua, muda de horizonte, a maneira de pensar. A letra é com um inglês bem básico, mas é bem engraçada, tem humor, ironia e romance”, diz ela, sobre a música que flerta entre o jazz e o clima de cabaré dos anos 40.

A turnê de “Segue o Som” terá quase todas as faixas do álbum e algumas músicas que Vanessa não interpreta nos palcos há muitos anos. O primeiro show acontece dia 25 no Circo Voador, no Rio de Janeiro, e começa a circular pelo país antes mesmo da Copa do Mundo. A data em Belo Horizonte ainda está sendo negociada.

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