Após um hiato de nove anos, Sérgio Nunes inaugura exposição individual no Errol Flynn

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
Publicado em 27/10/2014 às 07:57.Atualizado em 18/11/2021 às 04:47.

Por quase uma década o pintor mineiro Sérgio Nunes, de 58 anos, esteve afastado das galerias de arte: não inaugurou nenhumamostra individual tampouco participou de alguma exposição coletiva.

O hiato, assegura ele, deve-se ao comprometimento com a paixão pelo trabalho que escolheu seguir – e não ao mercado a que ele atende. “Meu interesse maior sempre tratou de cuidar da arte. Da pintura, do desenho, dos objetos que crio. Estar ou não expondo nunca foi uma prioridade ou preocupação”, explica.

Mas agora, aos que conhecem e aos que ainda não viram de perto um trabalho do artista, é dada a chance de conferir uma exposição que reúne suas pinturas e aquarelas. As obras ficam em cartaz na Errol Flynn Galeria de Arte a partir desta terça (28), e até 15 de novembro.

Ao todo, estarão expostas 39 telas sendo 15 delas com a temática flores e as demais figurativas. Se de um lado estão obras que fazem parte do próprio acervo da galeria, do outro estão trabalhos guardados há quase 30 anos por ele.

Destaca-se a série “Anotações” – título muito usado pelo pintor para as telas figurativas com detalhes caligráficos. Aliás, uma das assinaturas do artista está nos traços, letras, palavras e rabiscos que povoam o fundo monocromático das telas.

“Anotações – Danae (II)”, “Anotações – Rosa dos Ventos (II)”, “Anotações – Mercúrio Menino” e “Anotações – Bacias com flores e ervas”são alguns dos trabalhos de destaque. Um dado curioso na obra de Nunes é que em sua maior parte há o diálogo direto entre o desenho abstrato e o figurativo realista – como se complementassem e, juntos, compusessem a harmonia da obra.

“A figuração e a abstração são de naturezas diferentes, no entanto, diz-se que toda obra figurativa é, essencialmente, abstrata, e isso é, de certa maneira, verdade”.

“Estou me referindo às questões de estrutura, composição, equilíbrio, ritmo, harmonia, movimento, gesto e cor, que, em sentido geral, são as mais importantes, por exemplo, em uma pintura – por mais que mudem ao longo do tempo. Todo pintor deve estar atento a essas questões, que são exatamente as mesmas na figuração e na abstração, embora possam ser desenvolvidas de forma diferente em cada uma dessas modalidades”, ensina.

Sérgio, que já foi professor nas escolas de Belas Artes da UFMG e da Guignard, garante que apesar de todas as dificuldades que a vida de artista lhe impuseram nunca cogitou mudar de caminho.

“O que é importante em arte é fazer e sentir o resultado do trabalho por si mesmo e não porque alguém disse ‘ficou bom’ ou porque você fez sucesso de crítica, público ou mercado. O que realmente vale é que a coisa tenha um sentido para você. O melhor é estar bem consigo mesmo, com seu trabalho e com o universo. O melhor é ser livre”.

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