MÚSICA

Atlântica Banda celebra a diáspora negra e brada contra o racismo em single

Da Redação
06/06/2022 às 12:07.
Atualizado em 06/06/2022 às 12:30

O clipe buscou trazer referências deste reflexo diaspórico em Belo Horizonte (Carol Santos/Divulgação)

Surgida no seio do Carnaval de Belo Horizonte, a partir do encontro entre integrantes do bloco Roda de Timbau, a Atlântica Banda acaba de lançar, nas pltaformas digitais, o segundo single, “Atlântico Negro”. A faixa já conta com um videoclipe que ilustra a proposta conceitual: abordar a diáspora negra no Atlântico e suas infinitas reverberações socioculturais, jogando luz sobre a luta antirracista.

Ao protagonizar musicalmente o reggae e o rock, “Atlântico Negro” já diz a que veio. “Esses são dois dos gêneros musicais afro-americanos mais difundidos no mundo e estão presentes na concepção do arranjo, assim como citações do toque do Barravento”, explica Pedro Thiago, o “Petê”, percussionista e fundador do grupo.

“‘Atlântico Negro’ fala da nossa visão sobre movimentação simbólica de elementos afro-referenciados pelos países banhados pelo Atlântico na América. Essas manifestações trazem inúmeras potências, como o próprio rock, mas também a cumbia, o samba, a rumba, o blues e as religiões de matriz africana, que também são pontos de resistência contra a opressão racista”, completa.

Neste sentido, o clipe buscou trazer referências deste reflexo diaspórico em Belo Horizonte, tais como a Rainha do Congado Isabel Casimira e a região da Lagoinha, chamada também de “Pequena África”. “Mostramos um mundo afro-referenciado e brasileiro, que se revelou para nós a partir do Carnaval. Os ritmos trazem consigo informações étnicas, históricas e geográficas. É o que a autora Goli Guerreiro chama de a ‘Terceira Diáspora’: um fluxo ininterrupto de movimentações de signos afro-referenciados entre comunidades negras dos países banhados pelo Atlântico, potencializado pela comunicação digital”, afirma Petê.

“Por aqui, também não foi diferente. A banda, por exemplo, nasceu no Carnaval, na prática e nos estudos dos ritmos afro-latinos, que chegaram até nós pelos blocos afro da Bahia. Belo Horizonte é fortemente influenciada pela circulação de signos afro-referenciados no Atlântico, que também estão no congado, nas religiões de matriz africana, nas escolas de samba, no Baile da Saudade, no Duelo de MCs”, continua o percussionista, ressaltando que a música também fala sobre o genocídio da população negra nas Américas. “Uma situação absurdamente institucionalizada e estrutural, mas que encontra forte resistência, geralmente nas potências culturais, políticas e esportivas desenvolvidas pelos afrodescendentes americanos”, pontua.

Dirigido por Leonardo Fonseca, com produção da Limonada Filmes e direção de arte de Camilo Gan, o clipe de “Atlântico Negro” é o primeiro da banda, que lançou seu single de estreia, “Timbalícia”, em agosto de 2021. “Atualmente, estamos na pré-produção do disco, que contará com nove músicas inéditas de nossa autoria, com previsão de lançamento em março de 2023. E, neste ano, temos a previsão de lançar mais dois singles, ‘40 dias sem te ver’ e ‘Farol na Multidão’, com convidados locais”, adianta Petê.

Sobre a Atlântica Banda

Criada em 2020, a partir do encontro entre integrantes do bloco Roda de Timbau, a Atlântica Banda é formada por Ludmilla Rodrigues (voz), Jonatah Cardoso (guitarra), Felipe dos Santos (baixo) e Pedro Thiago (percussão), o Petê. Foi inspirado no cortejo da Roda, bloco fundado por Petê, que a banda começou a se desenhar.

“O bloco da Roda tem uma bateria vigorosa, uma pegada rock’n’roll e um posicionamento combativo e progressista. Todos conheciam o bloco e tinham em comum a vontade de montar uma banda com uma formação enxuta, para compor e tocar músicas nesta linha”, diz Petê. “Com a pandemia, o cancelamento do Carnaval e a impossibilidade de fazer shows, os artistas ligados a esta cena tiveram que se reinventar. Percebemos que era hora de trabalhar nosso repertório autoral, seguindo o exemplo de blocos como a própria Roda, que já lançou músicas próprias”, completa.

A partir daí, a Atlântica Banda compôs e gravou suas duas primeiras músicas “Timbalícia” e “Atlântico Negro”. Ambas as faixas foram gravadas no Estúdio Motor, em Belo Horizonte, e têm produção musical assinada por Rafael Dutra. Além dos músicos da banda, a gravação contou com o reforço de Débora Costa nas percussões, nas duas canções; com Bruno Malaguti, nos teclados, em “Timbalícia”; e com Leonardo Brasilino, no trombone, em “Atlântico Negro”.

Petê ressalta que os dois singles não fazem parte do disco, que contará com outras nove faixas autorais. “As músicas do álbum expandem nossa concepção sobre o oceano sonoro pelo qual navegamos. De onde vieram os ritmos afro-americanos que nos influenciam; por quais transformações passaram durante esta jornada; como nos atravessam, hoje, e quais possibilidades apontam para o futuro”, reflete.

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