Atlético: memória, futebol, paixão e azulejos

Hoje em Dia*
Publicado em 08/11/2014 às 09:59.Atualizado em 18/11/2021 às 04:56.
 (CARLOS RHIENCK/Hoje em Dia)
(CARLOS RHIENCK/Hoje em Dia)
Não bastasse o momento ímpar por que o Clube Atlético Mineiro passa, com glórias recentes e a chance de vencer a Copa do Brasil, o torcedor atleticano agora ganha um outro legado, dessa vez mais sólido. A parede lateral da sede administrativa do Galo, em Lourdes, foi revitalizada pelo artista Alexandre Mancini. A tinta foi substituída por 990 azulejos nas cores preta e branca, reproduzindo 11 ídolos do clube em diferentes décadas. 
 
“É uma forma de valorizar a sede, o aspecto de uma obra de arte pública. Além da homenagem pessoal que quis fazer, me preocupei com o acesso livre a qualquer pessoa. Quando pensamos na torcida do Atlético, é uma coisa absolutamente popular. Esse painel traz esse conceito. A sede fecha, mas o painel está aí dia e noite, contando a história do próprio clube, resgatando, em frente ao antigo estádio, a história do clube, de cada jogador que está aqui”, diz Mancini, atleticano fanático, que dedica esta obra a seu pai.
 
Mas não espere ver rostos como Tardelli, Ronaldinho Gaúcho ou Victor no mural. Entre os homenageados estão Dadá Maravilha, Reinaldo, Éder Mário de Castro, Guará, Lucas Miranda, Zé do Monte, Mexicano, Carlyle, Oldair e Kafunga.
Segundo Mancini, a função arquitetônica prevalece no projeto. “A sede é um prédio branco. Com esse painel sendo predominantemente preto, o prédio ganha uma ‘flutuada’. Como o painel fica exposto na rua, é um simbolismo desses jogadores, que são ícones, sustentarem a sede do Atlético”.
 
Reconhecido como um discípulo direto do artista Athos Bulcão, principal representante da azulejaria brasileira, Mancini diz que este painel na cidade do Galo é um trabalho “fora da curva”. “Conheci o Athos em 2007 e devo muito às lições que ele, sem saber, me ofereceu. Normalmente trato do objeto geométrico, da composição aleatória ou ordenada. Este painel é um outro tipo de pensamento que meu trabalho apresenta. Apesar da racionalidade da geometria na temática, eu consegui colocar muita emoção dentro do painel. O significado dele para mim é completamente pessoal. Por não ser propriamente típico do meu trabalho. Por isso mesmo é de tanto coração”.
 
Aliada à arquitetura, a azulejaria tem o poder de servir como centro de memória para a cidade. Agora quem passa pela avenida Olegário Maciel, mesmo não sendo atleticano, tem um motivo a mais para contemplar uma obra de arte que simboliza a paixão de um torcida, algo tão íntimo e público ao mesmo tempo.
 
*Colaborou Danilo Viegas/Especial para o Hoje em Dia
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