Banda mineira faz shows acústicos na casa de dez fãs

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
26/03/2014 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:45
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Depois da morte da mãe, há três anos, Renata e seu irmão decidiram reformar toda a casa onde moram. Deram os móveis para outras pessoas e transformaram o interior. A obra acabou e a celebração de “open house” com os amigos vai acontecer de uma forma diferente. Além de bebidas e comidinhas gostosas, a festa desta noite contará com a presença da banda Constantina. 

“Ainda estamos esperando pelos móveis e a casa está vazia. Perfeita para uma festa. E não poderia ser com outra banda”, conta a cenógrafa Renata Nunes da Matta, 26 anos.

A possibilidade de ter na sala de casa um dos grupos de rock mais interessantes de Belo Horizonte só aconteceu graças a um projeto lançado recentemente pelo Constantina. Para levantar recursos para a primeira turnê europeia, os músicos convocaram os fãs a convidá-los para apresentações intimistas, em ambientes domésticos. O show acústico não conta com cachê: o anfitrião passa o chapéu e os amigos contribuem como podem.

Em seis dias de campanha nas redes sociais, a banda recebeu 17 inscrições – dez foram escolhidas e os shows estão sendo realizados desde segunda-feira. A ideia é simples, inusitada e boa para todos os lados. Os fãs têm a oportunidade de ver um show de forma íntima e exclusiva, enquanto a banda – além de ter um contato único com o público – realiza shows onde não há possibilidade de haver prejuízo financeiro.

“Temos uma banda independente com um som que não é popular. É difícil viajar pelo Brasil. Então, temos que pensar nas alternativas, que não sejam apenas uma banda fazer um contrato com casas de shows”, afirma o guitarrista/violonista Bruno Nunes. “Além de ser uma experiência fantástica para nós, o investimento é certo, porque as pessoas estão muito dispostas em fazer acontecer”.

Banda disponibiliza novo álbum

O projeto “Constantina na Sua Sala” foi criado para levantar recursos para a primeira turnê europeia da banda, que terá como auge a participação no Focus Wales Festival, evento britânico realizado em abril. As passagens estão sendo custeadas pelo programa Música Minas e o dinheiro arrecadado junto aos fãs servirá para bancar hospedagem e alimentação. O grupo agendou outros shows no Reino Unido, Portugal e Suíça. Espera tocar na Itália e Espanha.

Outra novidade é o lançamento virtual hoje do álbum “Pelicano”, com quatro músicas feitas em 2007. Quem acessar o site www.constantina.art.br poderá baixá-lo gratuitamente.

“Na época, éramos um quarteto e começamos a planejar um álbum, gravando essas músicas. Mas tivemos uma mudança de formação e passamos a ser um septeto naquele ano. Decidimos então engavetar as músicas prontas e partir do zero”, conta Bruno Nunes sobre as quatro faixas de “Pelicano”.

As músicas estão sendo lançadas mais de seis anos após suas criações, mas seu conteúdo dialoga com o que o Constantina vivencia hoje. “Resgatamos o material e fizemos uma mixagem atual. Colocamos um pouco da linguagem atual da banda, mas sem pesar a mão, para não descaracterizar”, afirma Nunes, lembrando que “Pelicano” foi criado antes de um processo de absorção de uma “certa brasilidade” por parte do grupo.

Remixes

“Pelicano” não será o único lançamento nessa temporada. Recentemente, para celebrar os dez anos de banda, o (hoje) quinteto também colocou em seu site o single “Colorir”, gravado durante sua turnê pelos Estados Unidos em 2012 (a banda excursionou pelo país e tocou no South By Southwest em duas ocasiões).

No segundo semestre, sai também um álbum com músicas do Constantina remixadas por outros artistas, como Chris Scullion, Gurila Mangani, Maurício Takara, Guilherme Granado, entre outros. O trabalho ainda não tem nome, até porque o grupo ainda não recebeu todos os arquivos.

“Como é um processo coletivo, ainda não temos data de lançamento. Já recebemos cinco músicas e foi incrível ouvir nossas composições sob o olhar de outros artistas. Está sendo inusitado e surpreendente”, diz Nunes.

Nova roupagem

O grupo está acostumado a buscar novas sonoridades para suas músicas. Passaram por esse processo recente, inclusive. Transformaram várias canções para o formato acústico, visando as apresentações do projeto “Constantina em Sua Sala”, e terão de fazer várias adaptações para a turnê europeia, já que o grupo estará desfalcado de Barulhista – responsável pela programação eletrônica.

O professor de história Henrique Bedetti, de 34 anos, é um dos fãs que terão a oportunidade de ouvir as versões acústicas. Na próxima segunda, ele recebe o Constantina em sua casa, no bairro São Geraldo. “Acho muito interessante trazer uma música boa para um lugar que não está dentro dos limites da avenida do Contorno. Convidei amigos que são interessados em novidades, mas ainda não conhecem a banda”, diz o fã.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por