HOLOCAUSTO BRASILEIRO

Baseado em livro da mineira Daniela Arbex, filme Ninguém Sai Vivo Daqui chega aos cinemas dia 11

Longa estrelado por Andréia Horta retrata horrores reais ocorridos no Hospital Psiquiátrico de Barbacena

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 02/07/2024 às 15:36.
 (Léo Aversa/divulgação editora Intrínseca)

(Léo Aversa/divulgação editora Intrínseca)

Baseado na premiada obra Holocausto Brasileiro, da jornalista mineira Daniela Arbex, o  filme Ninguém Sai Vivo Daqui estreia nos cinemas em 11 de julho. Estrelado por Andréia Horta e Fernanda Marques, o longa retrata na telona os horrores reais ocorridos no Hospital Psiquiátrico de Barbacena, relatados por Arbex no trabalho eleito o Melhor Livro-Reportagem de 2013 pela Associação Paulista de Críticos de Arte e segundo colocado na mesma categoria pelo Prêmio Jabuti (2014).

O roteiro segue Elisa, jovem que, após engravidar do namorado no início dos anos 1970, é internada à força pelo pai no manicômio, conhecido como Colônia. Vítimas de todo tipo de abusos no local, a moça e outros internos se unem para descobrir uma forma de fugir de lá. 

Fundada em 1903, a instituição tornou-se depósito de homens e mulheres — e até de crianças — indesejáveis para o convívio social: homossexuais, prostitutas, mães solteiras, meninas violentadas pelos patrões, moradores de rua ou moças que tinham perdido a virgindade antes do casamento. Os pacientes, muitas vezes sem diagnóstico de doença mental, eram submetidos a condições desumanas com o consentimento do Estado, de médicos, de funcionários e da sociedade. 

Quando chegavam ao Colônia, os internos tinham as cabeças raspadas e as roupas arrancadas. E isso era apenas o começo: no dia a dia eram submetidos a toda ordem de maus-tratos, como mostra o premiado livro de Daniela Arbex, publicado pela editora Intrínseca.

Mesmo nas madrugadas frias da serra da Mantiqueira, eram atirados ao relento e perambulavam nus pelos pátios. Comiam ratos, bebiam esgoto e urina, dormiam sobre o feno, além de serem submetidos a torturantes sessões de eletrochoque. Pelo menos sessenta mil pessoas morreram dentro dos muros do Colônia — a maior parte entre as décadas de 1960 e 1970. Entre 1969 e 1985, quase dois mil cadáveres foram vendidos clandestinamente para dezessete faculdades de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia, pioneiro da luta pelo fim dos manicômios e defensor do tratamento humanizado, conheceu o Colônia e declarou nunca ter visto uma tragédia como aquela.

Apuração de Daniela Arbex foi destaque

Num árduo esforço de apuração, Daniela Arbex localizou sobreviventes e entrevistou ex-funcionários para resgatar de maneira detalhada e emocionante as histórias de quem viveu de perto o horror perpetrado por uma instituição com o propósito de limpeza social comparável ao nazismo. Holocausto brasileiro é o relato essencial de um capítulo obscuro da história brasileira, o que fez dele um marco do jornalismo investigativo no país.

Daniela Arbex conquistou ainda outros 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três prêmios Esso e o americano Knight International Journalism Award. Foi repórter especial do jornal Tribuna de Minas por 23 anos e atualmente dedica-se à literatura.

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