BH e mais cinco cidades recebem o projeto 'Territórios de Invenção – Residências Musicais'

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
07/06/2016 às 18:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:47

(Osvaldo Afonso/Imprensa MG)

Músicos das mais variadas regiões de Minas terão a oportunidade de aperfeiçoar seus conhecimentos técnicos com alguns dos nomes relevantes da cena atual. Trata-se do projeto “Territórios de Invenção – Residências Musicais”, lançado pela Fundação de Educação Artística (FEA) por meio do edital Programa Música Minas. Com orçamento de R$ 405 mil, o trabalho contempla Belo Horizonte, Diamantina, Montes Claros, Ouro Preto, Pouso Alegre e Uberlândia. 

Exceto em Ouro Preto, onde as vagas serão destinadas ao público em geral, nas demais é preciso já ter familiaridade musical mínima para participar. As pré-inscrições são gratuitas e começam ainda este mês em alguns locais. Os cursos oferecidos vão de julho a novembro. 

Além de oferecer aos alunos processos de formação musical e aperfeiçoamento de técnicas, a iniciativa visa a fortalecer os cenários musicais do Estado. De acordo com a diretora executiva da instituição, Berenice Menegale, o trabalho será possível porque focará no processo artístico colaborativo. 

“Logo que vimos o edital (do Programa Música Minas), percebemos que a proposta tinha tudo a ver conosco. Então, reunimos uma equipe muito interessada para desenvolver esse projeto. As cidades já têm se mostrado muito receptivas”, celebra a pianista. 

Ambiente propício
Conforme o presidente da FEA, Antonio Olimpio Nogueira, para a realização do projeto a expertise da entidade tem sido um fator primordial. “O projeto se insere na tradição da fundação, cuja trajetória tem o Festival de Inverno de Ouro Preto, o qual, além de levar artistas que ali vão residir, busca também a vivência, os elementos musicais técnicos e textuais. Nesse panorama, está o trabalho de formação de músicos”, diz. 

O secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo, ressalta que o fato de as cidades selecionadas contarem com “ambiente propício ao incremento que o projeto visa proporcionar” contribuirá para o sucesso da iniciativa. “Quase todos (os municípios) têm orquestras e têm conservatórios ou cursos superiores de música”, observa. “É muito estimulante que a entidade selecionada para implementar o programa seja a FEA, dirigida pela Berenice – ambas, são referências internacionais da música mineira e garantia de qualidade na execução do projeto”. 

Serão quatro horas de aula por dia em espaços parceiros, como universidades e conservatórios musicais

Artistas convidados esperam também aprender no contato com as cidades

Como a música pode fomentar territórios? Essa foi uma das perguntas feitas durante a apresentação do projeto “Territórios de Invenção – Residências Musicais”. A resposta, dada por Lúcia Campos, em nome da FEA, foi que a cultura é uma mina de fazer mundos. 

“Para construir o mundo como sabemos fazê-lo, partimos sempre de mundos que já estavam à disposição”, disse ela, parafraseando o filósofo Nelson Goodman. É com essa concepção que os artistas escolhidos pela entidade irão a campo a partir de julho. 

Para Eugênio Tadeu, do grupo cênico musical Serelepe, convidado para ir a Montes Claros, a residência tem mesmo a ideia de via de mão dupla. “É uma cidade culturalmente muito rica, de música, luthiers, dança... A gente, talvez, vá mais para aprender do que ensinar”, diz ele. Na cidade do nortista, a ação irá acontecer de 1º a 12 de agosto, sendo que a pré-inscrição acontece de 18 de julho a 3 de agosto para 30 vagas.

Com o tema “Ouvidos em movimento: criação e performance musicais coletivas”, o compositor Rafael Macedo fará dobradinha com Sérgio Rodrigo, na residência musical de Uberlândia, de 15 a 26 de agosto. Ao todo, são 30 vagas e a pré-inscrição será também de 18 de julho a 3 de agosto. “A gente pretende fazer um diário entre a minha experiência e do Sérgio com a experiência dos alunos. Por isso, no primeiro momento, vamos fazer uma coleta de material dos alunos e expor o que gostaríamos de trabalhar. Na sequência, a gente vai desenvolver trabalhos divididos em grupos, que serão acompanhados por nós dois”, esclarece.

Em Ouro Preto, a iniciativa chega em 5 de setembro e se estende até o dia 16 daquele mês e a pré-inscrição vai de 8 a 19 de agosto. Trinta pessoas serão contempladas com o trabalho de Ione de Medeiros e o grupo Oficcina Multimédia, que têm o teatro como especialidade e mostrarão o tema “A rítmica no espaço cênico”. “Assim como para a alfabetização o desenho, o rabisco é importante, o uso do corpo é muito eficaz na música”, observa

O projeto também será realizado de 11 a 22 de julho em Diamantina, com Odette Ernest Dias e Marcelo Chiaretti, com o tema “Os sons da cidade”. Para a cidade, serão destinadas 40 vagas e o período de pré-inscrição é de 13 a 24 de junho. 

Em Pouso Alegre, o músico Kristoff Silva dará a residência “Re-verbo: ressonâncias do encontro entre música e palavra”, de 11 a 22 de junho. Ao todo, são 30 vagas e a pré-inscrições também será feita de 13 a 24 de junho.

BH será a última cidade a realizar a ação. O escolhido para ensinar aos alunos da capital foi Roberto Victorio, que traz o tema “O tripé composição, pesquisa e regência”, de 31 de outubro a 11 de novembro. São 30 vagas e a pré-inscrição será de 3 a 14 de outubro.

Livro

No próximo sábado será lançado o livro “Interações e Rupturas: Fundação de Educação Artística, uma Escola Livre”, de Guilherme Paoliello, resultado da tese de doutorado defendida em 2007. A obra é um debate sobre como sujeitos interagem e fazem circular saberes, processos e produtos dentro de um espaço. 

O autor usou como parâmetro o trabalho realizado pela FEA, de “promover rupturas dos modos tradicionais de fazer e ensinar música”.

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