(Luiz Costa)
Belo Horizonte poderá sediar o primeiro centro de referência do circo em Minas Gerais e, certamente, um dos mais grandiosos do mundo, segundo os idealizadores do projeto. A possibilidade é de que a “Cidade do Circo”, como foi batizada a instituição, possa ser construída na área da antiga Estação da Gameleira.
Um belo presente para os fãs de ontem e de hoje das artes sob a lona, que nesta quinta-feira (27), comemoram o Dia Nacional do Circo. Artistas do segmento se reúnem na Praça 7 nesta quinta, a partir das 11 horas, no quarteirão fechado da rua Rio de Janeiro para se apresentarem.
“Vai ser uma comemoração. Vamos brincar”, diz a idealizadora do projeto a Presidente da Rede de Apoio ao Circo (RAC), Sula Mavrudis, que também é diretora da Área de Circo do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de Minas Gerais (Sated-MG).
O projeto
A “Cidade” terá escola de circo, biblioteca especializada, centro de memória com mais de sete mil fotos, panfletos de divulgação de dezenas de companhias e centenas de vídeos já reunidos por Sula, alguns desses registros são centenários e mostram a força do circo em Minas Gerais.
O local terá, ainda, espaço para que as companhias circenses montem suas lonas em um local próximo da região Centro-Sul, onde, há anos não fincam estacas devido à aglomeração imobiliária. “A Rede fará a gestão do projeto em parceria com a Fundação Municipal de Cultura (FMC)”, indica Sula.
A FMC, por meio da assessoria de imprensa, confirma a adesão ao projeto e diz que os acordos para que ele saia do papel estão sendo debatidos.
“Não existe em nenhum lugar do mundo, um centro de memória circense com este porte. O que há de expressivo está em São Paulo, em uma sala que abriga o Centro de Memória do Circo”, lembra ela.
A diretora, em seus levantamentos, diz que, até os anos 1960, mais de 80 circos circulavam em Minas Gerais, pelo menos 30 deles ficavam restritos basicamente a ocupar a Região Metropolitana de BH. Hoje, diz Sula, não há nenhum exclusivo da Grande BH – as companhias, para sobreviver, têm que ir para o interior.
“Elas tinham um repertório enorme num só espetáculo: Uma parte de variedades com números do circo, uma peça teatral e um ‘big show radiofônico’. Meu pai chegou a ficar oito meses em uma única cidade com o circo dele. E sempre com plateia cheia”, lembra, saudoso, o proprietário do Circo di Monza, Paulo Ricardo Robattini, quinta geração de família circense de origem italiana e que ainda resiste em Minas. Hoje, não fica mais que dois fins de semana.
O dia nacional
O dia 27 de março é o dia de nascimento do palhaço Piolin (1897-1973), um dos mais populares do século passado, escolhido pelos artistas da Semana de Arte Moderna de 1922 como o artista legitimamente popular do Brasil.
Desta quinta até sábado, neste caderno, você acompanhará a série de reportagens “O Circo em Minas: Os Resistentes do Picadeiro”.