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Blogueira Mariana Zanotto lança livro com dicas para mamães de primeira viagem

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
Publicado em 10/05/2015 às 10:06.Atualizado em 16/11/2021 às 23:58.

Mariana Zanotto, 34 anos, lembra que, quando deu start a seu blog – Pequeno Guia Prático Para Mães Sem Prática – a “blogosfera” era “pura conversa de comadres”. Não havia, pois, pretensões de profissionalizar. “Vivi o crescimento da rede, vi surgir a ideia de que era possível rentabilizar blogs”, lembra, assumindo que sim, fez algumas tentativas.

“Mas abandonei a ideia por uma questão de coerência: meu blog não é serviço nem mídia para anunciantes. É meu, absolutamente pessoal e não pode ser pautado por nada além da minha própria vontade”, diz, toda coerente com seus princípios e sem se dobrar a oportunidades do mercado.

“Nunca consegui aderir ao movimento de profissionalizar o blog. O meu segue chinfrim, sem media kit, fanpage ou avaliações de qualquer tipo – e sem a pretensão de ser nada além do que sempre foi, um espaço de registro e de troca com outras mães/pais/simpatizantes”.

Mas foi despretensiosamente assim que “Pequeno Guia” foi arrebanhando seguidores. E, agora, migra para o mundo palpável”: o livro “Mãe Relax – Pequeno Guia da Maternidade (in)perfeita” (Editora LeYa) chega às livrarias com um plus: o projeto gráfico, todo lindinho, com direito a laço de fita, ilustrações graciosas e muitas cores (candy) nas páginas. Confira, a seguir, trechos da entrevista da mãe de Alice e Lucas ao Hoje em Dia.

Já postou algo do qual se arrependeu depois?

Não exatamente um arrependimento, mas reler o blog hoje chega a me dar nervoso de tanto que mudei de opinião! Porque existe uma evolução e vejo isso muito claramente nos posts. Então, tenho vontade de reeditar. Escrever: “mentira, gente, não é nada disso!” (risos) Mas resisto, acho que esse registro de uma época também é valido, é a cronologia da construção da mãe que sou hoje. E espero que quem lê o blog hoje consiga ter essa perspectiva, a de que pode estar lendo textos de oito anos atrás que não necessariamente me representam mais.

Qual foi o texto mais curtido?

Em 2012, num ato de sincericídio, escrevi (não no blog, mas em um site) um “anti-post” de Dia das Mães em que consegui botar para fora fantasmas que me faziam sentir uma mãe toda errada. Coisas que me pareciam até então inconfessáveis: meus filhos não estão sempre em primeiro lugar, minhas necessidades e vontades também precisam ser consideradas etc. Um post com altíssimo potencial de arrependimento! Fiquei uns 10 minutos antes de clicar “publicar”. Tive medo de levar pedradas, mas o que mais recebi foram agradecimentos. Percebi que o post ajudou muitas mães a legitimarem algo que sentiam, mas que não se permitiam admitir. A reação mais comum foi na linha: “Ufa, sou normal!”. Assim como ganhei uma leveza enorme ao verbalizar essas coisas, parece que aconteceu com outras mães. Então, foi um post com bastante repercussão e que teve os comentários que mais me comoveram.

Quando fala em desconstruir clichês, qual seria, sob seu ponto de vista, o pior deles?

Acho que o que há de mais cruel é a idealização da maternidade como algo divino, sagrado, quase sobrehumano – o Dia das Mães escancara isso, é só perceber como somos retratadas pela publicidade. Tratar mães como santas ou super mulheres parece lisonjeiro à primeira vista, mas é jogar um baita peso sobre as costas. Como corresponder a tanta idealização? Esse olhar não tem nada de generoso, só gera sobrecarga, frustração e culpa por não dar conta (e quem dá?). Por isso acho que o primeiro passo para uma maternidade mais leve é descer do altar em que colocaram a gente para, com os pezinhos no chão, construirmos, por conta própria, o ideal de mãe que queremos ser.

Você morou em Paris. Concorda com a tese que embasa o livro “Crianças Francesas não Fazem Manha”?

Ainda não li, mas a tese básica é não colocar a criança no centro da família, não viver a vida em função delas, certo? Com isso concordo. Acredito que é possível atender a todas as demandas afetivas das crianças (que mudam de acordo com cada fase) sem hipervalorizar seu espaço dentro da família. O desafio é encontrar esse equilíbrio sem pender para um lado ou para outro. Talvez, como resposta a uma cultura de parentagem que é meio “over” (a autora é americana), o livro exagere um pouco o lado mais frio, mais seco dos franceses. Mas não tenho muitos elementos para formar uma opinião sobre a criação de filhos à francesa, meu contato com famílias de lá não foi muito além dos parquinhos... Mas falando em livros, indico dois que falam um pouco do mesmo assunto e que têm me feito pensar bastante: “Sob Pressão”, do Carl Honoré, e “Os Direitos dos Pais”, da Tania Zagury. No momento, são os que mais representam a forma como vejo a maternidade.

O que está achando de migrar do universo virtual para o impresso?

“Tô” muito feliz e ainda um pouco incrédula – ter um livro publicado sempre me pareceu um daqueles sonhos loucos e inatingíveis. O processo todo foi muito rápido, do primeiro contato da editora ao arquivo final, pouco mais de um mês... Então, ainda estou elaborando. Ao mesmo tempo em que estou realizada, também fico meio apreensiva, pois sinto que a responsabilidade é bem maior. A palavra impressa ganha uma importância, né? Sempre gostei da “desimportância” do blog, acho tranquilizadora (risos)! E se mudar de ideia, sempre posso apagar tudo. Já o livro está aí, eternizado, sem chance de editar ou apagar. É uma delícia... mas dá um medinho!

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