A única referência de Caetano Veloso às eleições foi quando afirmou, durante o show realizado na noite de sábado (30), no Expominas, em Belo Horizonte, que iria encurtar uma das muitas histórias que contou sobre suas músicas e carreira para não alongar demais a apresentação, já que “amanhã (as pessoas) têm que votar”.

Não foram poucas as vezes, durante cerca de duas horas, que o público “provocou” o mestre da MPB, que recentemente completou 80 anos, a falar de política. Aos gritos de “Lula! Lula!”, nos intervalos de cada canção, ele aguardava a manifestação encerrar para continuar a apresentação, mas sempre mostrando um semblante de aprovação. 

No show, Caetano misturou o repertório de seu mais recente álbum, “Meu Coco”, com vários sucessos de sua carreira, chamando a atenção para o fato de a idade ter-lhe trazido mais leveza, tanto no sentido físico, já que ele movimenta o corpo constantemente, quanto em relação à própria maneira de cantar.

Com uma boa qualidade acústica, aliada ao talento dos músicos que o acompanham, Caetano fez um show que reverencia a sua trajetória, enchendo-nos de orgulho por exibir um trabalho tão singular na MPB, que o põe entre os maiores artistas do mundo, e também por uma capacidade criativa que não para, a despeito da idade.

Embora os cabelos digam o contrário e ele mesmo citar durante a apresentação, ressaltando que, da banda, era o único baiano – “há 80 anos” –, o público viu um artista múltiplo, ilimitado e de grande potência musical. Não é difícil imaginar outros tantos shows cheios de vitalidade aconteçam no futuro.

Caetano atravessa e desafia o tempo, com as suas canções, ao mesmo tempo em que simbolizam épocas e estilos distintos, revelando-se contundentes e frescas, como se tivessem acabado de serem feitas. Caetano e sua música são uma coisa só, precisando da essência vital da vida para serem desfrutados. 

Compartilhar