‘Cara Preta’ propõe teatro como arte do encontro e do espaço

Pedro Artur - Hoje em Dia
18/09/2014 às 07:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:15

(Guto Muniz)

Um homem que vive à margem da sociedade. O mote pode não ser propriamente uma novidade, mas a forma que a Maldita Cia. de Investigação Teatral encontrou para explorá-lo no palco, sim. O resultado pode ser visto com “Cara Preta”, desta quinta-feira (18) a domingo, no Mercado das Borboletas. A peça, com direção de Amaury Borges e atuação de Lenine Martins, dá sequência à comemoração dos dez anos da companhia.

“É um espetáculo fruto de pesquisas de uma linguagem que explora a ocupação de espaços não convencionais. Cria uma situação em que o espectador atravessa esse espaço de ocupação e estabelece um jogo com a cena. O espectador atinge outro nível de percepção do jogo de cara preta; a travessia de um homem separado das condições sociais”, enfatiza.

Além da montagem, a companhia teatral programa outras atividades, como a oficina do espetáculo (dias 27 e 28, das 9 às 17h). É bom lembrar que esse mesmo trabalho (“Cara Preta”) já foi levado a dois festivais internacionais de teatro e contribuiu para recuperar espaços até então relegados, como o antigo Cine Santa Tereza e a Cadeia Pública de Diamantina.

A Maldita atravessa esses dez anos com muitos projetos. E já está pronta para levar novamente ao palco a peça “Maxilar Viril”, texto de Amaury Borges, inspirado no conto “A História do Lagarto que Tinha o Costume de Jantar suas mulheres”, do uruguaio Eduardo Galeano. Encenada no primeiro semestre, ela será reapresentada no início do ano que vem, no palco do Francisco Nunes.

Mas nem tudo são flores nesses dez anos. É que o grupo está atualmente sem uma sede, na qual possa traçar seus projetos. “É sempre difícil fazer arte no Brasil. E uma revolução cultural se faz com recursos, com investimentos. Temos grandes artistas, mas com dificuldade para produzir espetáculos. Estamos sem a sede, e agora estamos buscando recursos para alugar uma, pois o grupo só existe se tiver espaço”, lamenta Amaury. A Maldita tinha uma sede que funcionava num antigo bar, ao lado do Galpão Cine Horto, com o qual mantinha parceria.

“Cara Preta” – Maldita Cia. Apresentações desta quinta a domingo, às 20h. 55 minutos. No Mercado das Borboletas (av. Olegário Maciel, 742/ 3º andar, Centro)

Entrada gratuita ou através da doação de alimento não perecível que será destinado ao resisteisidoro.


 

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