Cavalcanti Filho lança “Fernando Pessoa, O Livro das Citações” em BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
Publicado em 06/10/2013 às 14:57.Atualizado em 20/11/2021 às 13:06.
Poesia é com Fernando Pessoa. Porém, citações escolhidas a dedo e boas histórias do escritor português pesquisadas ao longo de mais de dez anos, entre incansáveis idas e vindas a Portugal, é com o biógrafo e diplomata pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho. Agora, o pesquisador lança “Fernando Pessoa, O Livro das Citações” (Editora Record), divulga o áudio-book da biografia “Fernando Pessoa, Uma Quase Autobiografia”, com a qual levou um Jabuti no ano passado, e sonha em abrir, certamente e provavelmente, o mais completo museu em memória de Pessoa em terras d’além mar. E essa “sucursal” pode ficar em Pernambuco, onde Cavalcanti vive e mantém coleção de mais de mil objetos que pertenceram ou que têm relação com seu maior ídolo. Será que a terra do frevo, de Alceu e de Nassau, também pode virar a terra de Fernando Pessoa?
 
Parece que Cavalcanti, em plenos 65 anos, quer mesmo é isso. Ele estará em BH, nesta terça-feira (8), às 19h30, no Palácio das Artes, por meio do projeto “Sempre Um Papo”, para falar do que chama de “pessoamania” e sobre o novo livro. Embasamento para tal situação é que não falta a ele. O pesquisador é o responsável por aquela que tem sido considerada uma das mais completas biografias do poeta “portuga”. Em menos de três anos, o livro está na sua sétima edição no Brasil e na terceira edição em Portugal. Para virar esse quase amigo íntimo, porém, póstumo, de Pessoa, que morreu em novembro de 1935, Cavalcanti pesquisou a vida do poeta a fundo.
 
As citações foram escolhidas durante o período em que pesquisou o poeta. Cada vez que via uma citação, Cavalcanti anotava o assunto, o heterônimo e o nome do poema. Daí, entregava à secretária para digitar. “Quando a editora pediu alguma coisa nova para publicar, pedi à secretária. Então ela disse que tinha 1500 citações. Dei uma selecionada e cheguei a 1300. Fiz notas de rodapé. É um livro para consultar”, sugere, em entrevista ao Hoje em Dia.
 
Sabe-se que Pessoa também escrevia por meio de vários personagens. Ao todo, foram 127 heterônimos. Mesmo assim, no fundo, algumas palavras aparecem muito comumente em sua obra, afinal, a cabeça pensante e criadora é a mesma. No livro, são 300 temas. Um exemplo é a palavra “mar”. “É a que ele mais escreve. Quando eu cheguei perto de anotar 200 citações com esta palavra, eu enchi”, comenta Cavalcanti aos risos. O autor acredita que o termo seja muito presente talvez porque Pessoa tenha passado a infância na África do Sul, junto com a mãe e o padrasto. Já a palavra “coração” foi escrita 125 vezes.
 
Audio-Book de graça
 
A premiada biografia, que já está na 7ª edição vendeu 50 mil exemplares. Ela também traz novidades. Será um audio-book. Para isso, Cavalcanti teve que reescrevê-la. Assim, o livro de 750 ficou com 212. É narrado por Silio Boccanera e pelo ator português Ricardo Pereira. Os poemas são recitados pelo poeta Ferreira Gullar, as músicas são de Gilberto Gil, de André Oliveira e do cantor pernambucano Geraldo Maia. 
 
O audio-book será distribuído gratuitamente para todas as bibliotecas públicas e instituições voltadas para deficientes visuais do país. Demais interessados poderão comprar a versão no site da editora. Em Portugal, a biografia impressa está na 3ª edição. “Já está saindo em Jerusalém, na Itália. Estou ultimando negociações com Estados Unidos e Romênia. Tenho outros livros, mas esse é a primeira tentativa de ir ao grande público”. E conseguiu? “Consegui escrevendo pra mim, acredite”, diz o autor. Cavalcanti é consultor da Unesco e do Banco Mundial, ex-ministro da Justiça, membro da Academia Pernambucana de Letras e da Comissão Nacional da Verdade.
 
Leia a entrevista com Cavalcanti Filho na versão impressa do Jornal Hoje em Dia
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