Cid Benjamin lança "Gracias a la Vida – Memórias de um Militante"

Pedro Artur - Hoje em Dia
06/05/2014 às 07:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:27

(Arquivo Pessoal)

Ele foi preso, torturado e exilado pela ditadura militar. Viveu na Argélia, México, Cuba, Chile e Suécia. Nem por isso Cid Benjamin se deixa intoxicar pelo tom amargo no livro “Gracias a la Vida – Memórias de um Militante” (José Olympio Editora), que será lançado nesta terça-feira (6), às 18h30, na Livraria Mineiriana (rua Paraíba, 1419, na Savassi), a R$ 35.

“Não é um livro pessimista. Ao contrário, é uma coisa otimista, embora tenha passado por muitas vicissitudes, tortura, prisão, exílio. Não me considero vítima, não é (um livro) de alguém amargurado. É uma obra que gosta da vida. Minha experiência política começa durante o golpe, a ditadura, mas vou além com a redemocratização. Procuro refletir o Brasil dos últimos anos”, analisa o autor, que, em 1969, participou de uma das ações mais espetaculares da luta armada contra a ditadura, o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, comandada pela ALN (Ação Libertadora Nacional) e pelo MR-8.

Sobre o sequestro, ele, que foi um dos idealizadores, diz que o objetivo foi cumprido, com a libertação de presos políticos. “A ideia do sequestro surgiu da necessidade de proteger os militantes que estavam presos. Porque era mais difícil liberar os presos, do ponto de vista operacional, nos quartéis. Com o sequestro, forçamos a ditadura a publicar nos jornais, e divulgar nas rádios nosso manifesto. E, quando fui preso, também fui trocado pelo embaixador alemão”, diz, lembrando que foi trocado pelo embaixador alemão Ehreinfried Von Holleben.

Militante do movimento estudantil e do MR-8, Cid Benjamin considera que a luta armada foi equivocada, politicamente, mas era uma reação legítima à ditadura. “A Igreja Católica e a ONU consideram legítimo levantar-se contra regimes de opressão. Agora, a luta armada do ponto de vista político foi uma decisão errada. Não tínhamos chances de vitória, era inevitável dada a correlação de forças. Se voltasse no tempo não teria defendido a luta armada. Em relação aos sequestros, foram ações que tiveram impacto grande dentro de uma estratégia errada que era a luta armada”, frisa o jornalista, que trabalhou no “O Globo” e “Jornal do Brasil”.

Caminho

Aos 65 anos, Cid Benjamin avalia que, apesar dos avanços democráticos, o Brasil ainda reclama reformas da época do presidente João Goulart, o Jango. “Hoje não vivemos a possibilidade de golpe militar ou outra ditadura. Ainda assim nossa democracia precisa se aperfeiçoar muito”.

O militante foi um dos fundadores e dirigentes do Partido dos Trabalhadores, mas trocou o PT pelo PSOL, no qual não possui cargo diretivo. “O PT ficou excessivamente parecido com o PSDB na política e o PMDB nos métodos”.

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