Cine PE homenageia a veterana Laura Cardoso

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia*
30/04/2014 às 07:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:22
 (Cine PE)

(Cine PE)

RECIFE – “Está tudo ótimo! Estou trabalhando muito!”, responde Laura Cardoso, toda animada, a uma simples saudação antes do início da entrevista com o Hoje em Dia, num hotel da capital pernambucana. Trabalho, é bom que se diga, é palavra de ordem na trajetória dessa atriz de 86 anos, uma das grandes damas do teatro, da TV e do cinema no país.

Homenageada na 18ª edição do Cine PE – Festival do Audiovisual, Laura não para. É assim desde os 16 anos de idade, quando teve sua primeira oportunidade numa rádio de São Paulo. Na televisão, por exemplo, nas últimas duas décadas só não foi para frente das câmeras num ano (1997), desfazendo a ideia de que atores idosos recebem poucos papéis.

“O trabalho me alimenta. Não fiz outra coisa na vida. Comecei bem cedo e até hoje o meu prazer é representar. É o que me dá força, vida e alegria. Também me dá decepção, mas de toda forma o trabalho é sagrado”, afirma a Dona Tanajura de “Gabriela”, assinalando que, para usufruir dessa energia com a sua idade, basta uma palavra: amor.

“Você tem que gostar do que faz e não apenas quando está no Teatro Municipal, mas também no Tablado ou qualquer pedacinho onde possa representar”, sublinha Laura, que faz questão de dizer que os anos de experiência não a puseram num pedestal. “Ainda estou aprendendo, principalmente quando trabalho com gente que está chegando no pedaço”. Atores novos, mas desde que esses exibam algum talento e força de vontade.

Laura lamenta que boa parte da nova geração não se prepara para abraçar a atividade. “Todo mundo quer ser ator e não é bem assim. A pessoa não acorda um dia e diz que irá atuar. Tem toda uma trajetória de pesquisa, conhecimento e observação”, pondera.

Laura enfatiza que, “hoje, qualquer menina bonitinha pode ser atriz, mas o lado bom é que ela não fica, trabalhando um, dois anos e depois vai embora”. Entram na profissão, de acordo com ela, para terem dinheiro e bens materiais e ficarem famosos.

Para Laura, o ator tem a obrigação de ser culto. Muito diferente da época em que começou, quando intérpretes eram tachados de vagabundos. “A gente era malvista”, lembra.

"A Última Sessão" trata do amor na terceira idade

Chegar à maturidade de bem com a vida é uma das lições de “A Última Sessão”, peça em que a atriz Laura Cardoso divide a cena com vários atores veteranos como Etty Fraser e Nívea Maria – “o mais novo tem 70 anos”, diverte-se. O texto de Odilon Wagner lhe chamou a atenção ao mexer num tabu, envolvendo amor e sexualidade na terceira idade.

“As pessoas acham que a gente morreu nessa idade. Antigamente, se aposentava e tinha que se contentar com o jornalzinho embaixo do braço. A mensagem da peça é que, enquanto você tiver vida, viva!”, endossa Laura, que também está muito atuante no cinema. Só não fez mais filmes (já soma cerca de 30), revela, por medo.

“Mesmo podendo fazer outro take, eu acho tão difícil. Tenho medo de não sair bem, de que o diretor não irá gostar... É um terror! Sempre tive esse medo, mas amo e admiro o cinema, especialmente o brasileiro, que é guerreiro, vencendo várias dificuldades”, registra Laura, que recebeu prêmios por sua atuação em “Através da Janela” e “Copacabana”. (PHS) l

(*) O repórter viajou a convite da organização do Cine PE

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