( Carlos Henrique)
Escolhido para ser o espaço de difusão do acervo audiovisual do Museu da Imagem e do Som (MIS) – antigo Centro de Referência Audiovisual (Crav)–, o Cine Santa Tereza foi completamente reestruturado para dar mais qualidade à transmissão de filmes com resolução 4K, disponível em poucas salas de cinema privadas do Brasil. A sala também tem tecnologia de áudio de última geração, com sete canais.
O espaço, que exibiu filmes até 1980, dará destaque para as produções de cineastas belo-horizontinos e mineiros, além de obras nacionais, no geral.
Para que volte a ser um espaço de difusão cinematográfica e cultural, falta a finalização de duas obras de readequação. Reforço na rede elétrica e a impermeabilização para proteger a edificação de infiltrações, segundo o diretor de Museus e Centros de Referência da Fundação Municipal de Cultura, José Oliveira Junior.
“O resultado será muito melhor para a população. O equipamento de reprodução é o melhor do mercado. Além disso, o reforço na rede elétrica dá possibilidade de colocar qualquer equipamento, em 10, 15 anos, sem sobrecarga”, destaca José Oliveira.
A previsão é a de que essas obras comecem na próxima segunda-feira e sejam finalizadas em dois meses. Devem ser concluídos, também, os últimos ajustes no isolamento acústico. Na semana passada, foram instaladas a tela de exibição e as poltronas na sala de cinema, que antes era o antigo camarote superior. Um equipamento especial irá reproduzir as antigas películas.
A restauração do prédio, erguido na década de 1940 e localizado na Praça Duque de Caxias, foi selecionada no Orçamento Participativo de 2003. Adiadas por três vezes, as obras foram replanejadas em 2015 para abrigar um espaço multiuso e não mais um centro cultural. A mudança partiu da própria comunidade, que queria a retomada das exibições de filmes no espaço.
Para gerir o ambiente, parceria com a comunidade é essencial
Quando for aberto ao público, o MIS Cine Santa Tereza também terá cafeteria, salão multiuso e biblioteca. Toda a programação será aberta ao público gratuitamente.
Localizado logo na entrada do cine, o café tem tudo para ser um espaço de encontro dos moradores do bairro e de outras regiões, aposta a direção do espaço, que fará a gestão compartilhada do local.
Para isso, será criada uma comissão com lideranças comunitárias e culturais para discutir o uso da área. “A população terá abertura para participar do planejamento, do acompanhamento e poderá apresentar propostas para a ocupação do espaço a partir do ano que vem, quando lançaremos um edital para esse fim”, revela a gestora do cine, Ana Amélia Lage Martins.
Alterações
Apesar do prédio que abriga o cine manter as características originais da década de 1940, houve alterações na estrutura. A antiga sala de transmissão passou a abrigar o salão multiuso, que será palco de oficinas e exposições. “Serão espetáculos que farão interface com a videoarte e a linguagem cinematográfica”, pontua Ana Amélia.
Para garantir o diálogo entre as diferentes linguagens – dança, teatro, fotografia, vídeo e outras –, haverá um projetor no salão. O lugar ainda conta com camarim e banheiros.
A primeira exposição no espaço terá cartazes históricos do cinema, que fazem parte do acervo do Museu da Imagem e do Som. A biblioteca pública, instalada no local, também irá contar com um acervo especial do MIS.