Companhia Circunstância apresenta seu mais recente espetáculo, o provocante "De Mala às Artes"

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
27/06/2013 às 10:32.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:31

"Burlão invencível, astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos". O admirável estudioso potiguar Luís da Câmara Cascudo (1889-1986) assim se referiu a Pedro Malasartes, o personagem que a cultura portuguesa (e de outros países também, até a Alemanha, só que em outra roupagem) já mencionaria desde o século14.

Malasartes também foi transportado ao imaginário brasileiro, como uma espécie de pícaro insuperável. É nesta figura sem par, em suas histórias sacanas, que a Cia Circunstância foi buscar esteio para "De Malas às Artes", sua quinta e mais recente aposta artística.

Dirigida por Rodrigo Robleño, um dos mais benquistos palhaços da cena local, antigo amigo e incentivador dos palhaços que integram a Circunstância, a montagem recebeu recursos do Fundo Municipal para ser produzida e cumprir um roteiro de exibições gratuitas por bairros da cidade.

Semana passada esteve no Primeiro de Maio e no Buritis, e esta semana comparece ao Urca e ao Santa Efigênia – mais informações no Roteiro.

Ajustes

Afora os pequenos ajustes que a pré-estreia (para 300 crianças de uma escola pública) mostrou ser desejáveis, estas duas próximas exibições não diferenciariam muito da encenação que emergiu dos oito meses de ensaios. As mesmas adaptações de histórias clássicas do Malasartes, como "Sopa de Pedras e "Pássaro Lapão"; e os mesmos 50 minutos de duração total. Tudo estaria perfeitamente pronto.

Uma porção considerável de livros e personagens cômicos, inúmeros textos e vídeos postados na internet e até o filme em que Mazzaropi interpreta o famoso personagem serviram de pesquisa para a Circunstância.

Prestes a completar dez anos de "palhaçaria", pela primeira vez a companhia recorreu a um diretor e desenvolveu um espetáculo em sala de ensaios. Nos anteriores, as ideias já iam sendo testadas na própria rua, submetidas ao crivo sem cerimônias do público, até ganharem o corpo e a musculatura que o humor requisita.

Assim, a Circunstância se firmou como um único núcleo de palhaços (apenas) da cena local. E, ao longo dos anos, formatou o elenco em atividade no momento (Dagmar Bedê, Diogo Dias, Evandro Heringer, Lorena Moreira, Luciano Antinarelli e Miguel Safe) e mereceu o reconhecimento do circuito de festivais do país.

Uma nova sede, finalmente, para chamar de sua

Não foi um "silêncio sepulcral", é lógico, afinal a plateia da pré-estreia era essencialmente constituída por jovens, gente entre os sete e os 12 anos de idade.

"Eles riram muito, fizeram um burburinho entre uma cena e outra, mas se comportaram muito bem. E gostaram do que viram", diz Diogo Dias, sobre a apresentação na escola pública.

Situada no Nova Cintra, ela não costumaria receber atrações de qualidade, razão pela qual os professores e diretores agradeceram tanto a visita da Circunstância. Uma contrapartida aos recursos do Fundo.

Reafirmando o bom momento, o grupo também obteve recursos do Prêmio Myriam Muniz/Funarte para cumprir 14 apresentações em nove cidades de três estados do Norte: Amazonas, Pará e Amapá, passando por grandes cidades como Manaus, Macapá, Belém e Santarém (PA). A circulação vai ocorrer entre os dias 14 de julho e 18 de agosto e a companhia levará "De Malas às Artes".

"Palhaços à Vista", no entanto, sua primeira montagem é a mais vista do seu repertório até o momento. O mais rodado dos seus cinco trabalhos - "Antes Solo do que Malacompanhado", "Pequeno Grande Encontro" e "De Mudança" são os outros.

O mais rodado

É com "Palhaços à Vista" que o grupo participa do Festival de Inverno de Ouro Branco, que acontece entre 1º e 10 de julho.

Fechando o ciclo de boas notícias, a Cia. aca- bou de encontrar um galpão no bairro Jardim América para chamar de (somente) seu. Após mais de três anos dividindo espaço na sede do grupo Trampulim, desde fevereiro passado a Circunstância passou a ocupar os 120m2 (número aproximado) da Rua Junquilhos, onde o Armatrux tinha sua sede.

Em virtude da sequência de muitos compromissos (ensaios, viagens, produções), a sede ainda não pôde ver a faxina que merece ter. Mas os planos são bem límpidos: além de guardar um acervo de devoção ao riso, a intenção é liberá-la para eventos, inclusive de grupos visitantes.

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