Companhia de Goiânia traz à capital mineira, em única apresentação, o espetáculo "Palavras em Giz"

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
23/10/2013 às 09:07.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:34

Haveria um evidente esvaziamento de público nas grandes capitais, reclamam os produtores de espetáculos de dança. Mas não é o que ocorre com o Nômades. Ao contrário, o grupo de Goiânia registra interesse crescente ao que produz em 11 anos de existência. É hora, portanto, de mensurar que atenção o público de BH vai dispensar a "Palavras em Giz", espetáculo que o Nômades apresenta só nesta quarta-feira (23), no Sesiminas, às 18 e 21 horas. O grupo vem a Minas pela primeira vez, graças ao Prêmio Klauss Vianna/Funarte para circular por cinco capitais.

Sob a direção de Cristiane Santos, ex-Cia Quasar, o núcleo se vincula à dança contemporânea e nesta sexta criação pesquisou (e se utiliza) do padrão de movimentos da dança afro.

"Bebi em várias fontes, inclusive no afro, e os bailarinos (Laís Guerra, Valter Caldeira, Ludmila Rocha, Jayme Marques e Munique Gomes) também. Gostamos dos movimentos fortes, intensos do afro", destaca Cristiane, que se junta ao elenco na oficina ministrada às 9 horas de quinta-feira (24), no campus Pampulha da UFMG. Repassa aos interessados o pensamento que sustenta a obra e que caminhos percorreu a coreografia.

"Marcas pessoais"

Inspirado no livro "Pensamento, Corpo e Devir", da filósofa paulista Suely Rolnik, o espetáculo elabora "marcas pessoais mantidas inconscientes" pelos bailarinos. Episódios traumáticos do passado, convocados "a aflorar, para que não doam mais tanto". Por isso, a encenação começa com ares de felicidade e euforia, com a projeção de um bolo comemorativo, mas prossegue com situações de conflito e revelações de tristezas.

Até chegar em "Palavras em Giz", que estreou em junho, o Nômades realizou três trabalhos de curta duração e menor ambição artística. Quando ainda era formado só por jovens alunos de uma escola técnica de Goiânia. O advento das leis de incentivo vieram marcar outra época na produção em Goiás, a dar mais fôlego artístico ao Nômades, que entre outras turnês chegou ao festival Internacional de Bogotá. Em BH, o grupo se encontra com a Cia Mario Nascimento, para discutir meios de gerência e atração de público.

Cia Mário Nascimento apresenta "Nômade"

A Cia de Dança Mário Nascimento comemora seus 15 anos de existência com o espetáculo "Nômade", que estreou em abril e tem sessão nesta quarta, às 20h30, no Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046, Centro), com ingressos a R$ 10 (inteira).

Com direção artística de Mário Nascimento e trilha sonora original de Fábio Cardia, "Nômade" é o desfecho de uma trilogia que versa sobre a territorialidade, suas diversas funções e sentidos.

Ao lado de "Escapada", de 1998 – o primeiro trabalho do grupo –, e "Território Nu", de 2011, discute questões como o lugar do indivíduo no mundo, o ultrapassar de fronteiras de todos os tipos e as possibilidades de libertação e transcendência do pensamento e da criatividade humana.

"Escapada" era a fuga, o desconforto com o lugar de origem e a busca pelo novo a partir do deslocamento físico. "Território" traz a demarcação de um território. E "Nômade", a descoberta necessária da inquietude e da liberdade, o não lugar como lugar ideal para o rompimento dos paradigmas, o desapego como caminho e elemento de transformação – nossa e do mundo. O nômade aqui é aquele que nos torna inquietos e nos faz buscar algo maior.

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