'Creed' é um tributo ao personagem de Rocky Balboa

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
14/01/2016 às 09:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:01

(Hoje em Dia)

É difícil imaginar um “reboot” da franquia “Rocky” sem a presença de Sylvester Stallone. Mas o ator, hoje quase um septuagenário, não convenceria mais num ringue – salvo em um caso como a divertida homenagem ao seu mais popular personagem, como a registrada no filme“Ajuste de Contas”.

A solução encontrada pelo diretor de “Creed” foi promover uma espécie de passagem de bastão, criando um novo lutador nos moldes como Rocky iniciou a sua jornada, em 1976. Um diamante bruto que precisará ser lapidado.

Cabe ao “Rocky aposentado” esse segundo papel, exatamente como Mickey fez com ele – sendo, mais do que um técnico, um pai e amigo. Em “Creed”, a reedição dessa relação se dá com a entrada em cena de Adonis (Michael B. Jordan).
 
Tributo
 
Em “Rocky, um Lutador”, o personagem vive praticamente sozinho, tentando criar laços com a vizinhança e com Adrian, sua futura mulher. Os filmes seguintes reforçam esse aspecto, principalmente a amizade com o antigo rival, Apollo.

Tão simbólico é esse momento (visto no terceiro e quarto “capítulos”) na trajetória do boxeador e da série que os roteiristas o recuperaram agora, neste sétimo filme, com citado Adonis, filho de Apollo, pedindo a ajuda do “tio” na sua formação.

Rocky não é propriamente um coadjuvante, apesar de “Sly” ter recebido, no último domingo, o Globo de Ouro da categoria. Encontramos o personagem num movimento contrário, de tristeza por aqueles que perdeu – Adrian já não aparece no sexto e agora é o cunhado que morre.

O diretor Ryan Coogler, que assinou o ótimo “Fruitvale Station” (2013), aproveita esse balanço para fazer tributo a Rocky, não só dando continuidade ao desenvolvimento do personagem como também incluindo vários “easter-eggs”.
 
Novos desafios
 
Só os fãs entenderão a referência à terceira luta com Apollo (no final de “Rocky III”), sobre a qual agora sabemos o resultado. O close numa tartaruga é representativo, pois o bicho foi mostrado como “amigo” do raciocínio lento do campeão.

Diferentemente dos trabalhos anteriores, Rocky não precisa provar mais nada a ninguém. É transformado num homem comum, que agora enfrentará novos desafios, numa luta interior que, na trama, ganhará paralelo ao grande combate de Adonis.

Esse é o principal trunfo de “Creed”, debruçando-se sobre esses opostos: o velho e o novo, a sabedoria dos idosos e a inquietação dos jovens e a aceitação em torno daquilo que o destino nos reserva e a briga inglória contra o que não queremos entender.

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