Crimes cibernéticos na pauta de Michael Mann

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
27/07/2015 às 08:16.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:06

(Universal/Divulgação)

Com exceção da movimentada sequência final passada na Malásia, vê-se pouco da construção narrativa tensa do diretor Michael Mann em seu mais recente filme, “Hacker”, recém-lançado em DVD pela Universal.


Juntamente com Paul Greengrass, de “Ultimato Bourne”, Mann tem marcas registradas as câmeras tremidas e a pegada documental de suas cenas, além de elevar à última potência a expectativa por grandes duelos.


“Hacker” caminha na contramão do que foi apresentado em “Fogo Contra Fogo” e “Inimigos Públicos”, capitaneando um trabalho que amarra várias informações de forma burocrática, sem envolver o espectador.


Talvez o realizador americano tenha imaginado que o tema por si já ofereceria essa sensação de movimento constante – ao enveredar pelo rápido fluxo de informações na rede virtual – e realismo, pois a espionagem é um tema muito atual.

ARTIFICIALIDADE


Essa escolha fica clara na primeira sequência, um longo acompanhamento, nas estradas cibernéticas, da invasão de um vírus na segurança de uma usina nuclear na China. É a deixa para convocarem um ex-hacker preso nos EUA.


Nicholas (Chris Hemsworth, de “Thor”) é uma espécie de Snake Plissken de “A Fuga de Nova York” (1982): um outsider que não tem outra opção a não ser arriscar a vida para servir ao governo, em troca de liberdade.


Mas Nicholas não tem 10% do cinismo de Plissken, revelando-se um menino bem comportado e tão artificial como a trama, que, a despeito de viajar por vários países, nunca parece sair do lugar.


Simplicidade é o grande trunfo de ‘O Sétimo Filho’


O filão dos mundos fantasiosos, com seus magos, bruxos, dragões e seres fantásticos, parece longe de acabar na sétima arte. Apesar do grande número de produções no gênero, recheadas de efeitos especiais e detalhados universos inspirados na mitologia, “O Sétimo Filho” consegue se destacar por um curioso ingrediente: a simplicidade.


Não quer dizer que o filme do russo Sergei Brodov (“O Guerreiro Gengis Khan”), lançado em DVD pela Universal, tenha uma qualidade inferior ao de seus congêneres. Até porque os créditos contam com nomes como John Dykstra (responsável pelos efeitos visuais de “Guerra nas Estrelas” e “Jornada nas Estrelas”) e Dante Ferreti (designer de produção ganhador de três Oscar).


FILME B


O que agrada em “O Sétimo Filho” é a sua história e a maneira como ela é conduzida. Existe um Mal que pode destruir a Terra, mas há outros aspectos que interessam mais à narrativa, como a relação entre um caçador de feiticeiros e seu aprendiz, interpretados por Jeff Bridges e Ben Barnes (o Prínicpe Caspian de “Crônicas de Nárnia”).
A produção assume uma postura de filme B, com um pouco de zombaria em relação ao gênero, mas sem desmerecê-lo. E isso se dá principalmente na atuação e no aproveitamento do humor. Bridges e Barnes são uma espécie de “Caça-Fantasmas” da época medieval, sozinhos contra inimigos de poderes sobrenaturais, liderados por Julianne Moore.


ROMANCE + HUMOR


A identificação acontece pela construção da relação da dupla, com um Bridges hilário, bem à vontade como o parceiro experiente, debochado e beberrão, muito parecido com outros papéis do ator, entre eles “Bravura Indômita” e “R.I.P.D. – Agentes do Além”.


Já Barnes, além de aprendiz esforçado, que quer mostrar valor ao mestre, fica a serviço da parte romântica, garantida pela química com a sueca Alicia Vikander, de “O Amante da Rainha” e do inédito “Os Agentes da U.N.C.L.E.”. São dois pilares (humor e romance) que sustentam a ação – e não o contrário, como geralmente acontece nessas produções.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por