CANNES, França - O curta-metragem brasileiro "A moça que Dançou com o Diabo", de João Paulo Miranda Maia, que disputava a Palma de Ouro na categoria de melhor curta-metragem, obteve uma menção especial do júri do Festival de Cannes. O curta, de 14 minutos, conta a história de uma menina que pertence a uma família muito religiosa e sai em busca de seu próprio paraíso.
Ao receber a distinção, Miranda comemorou a presença em Cannes de outros filmes do país, ausente do festival nos últimos anos. Assim como fizeram outros cineastas durante a mostra, o diretor do curta aproveitou o espaço para protestar contra o governo de Michel Temer e sua decisão de acabar com o ministério da Cultura - da qual o presidente interino voltou atrás. "É muito perigoso para a liberdade de expressão e a liberdade artística", disse o diretor, em coletiva de imprensa após a premiação.
No sábado, "Cinema Novo", de Eryk Rocha, sobre este movimento cinematográfico brasileiro, levou o prêmio
Olho de Ouro de melhor documentário. Apesar de muito aplaudido, o longa-metragem "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, protagonizado por Sonia Braga, único filme da América Latina na disputa pela Palma de Ouro, deixou Cannes com as mãos vazias.