David Bowie marcou a cena cinematográfica com personagens inclassificáveis

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
11/01/2016 às 10:23.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:58
 (Reprodução)

(Reprodução)

A construção de uma identidade enigmática, andrógina e bizarra, a partir da criação de personagens para suas músicas, levou David Bowie ao cinema. O cantor britânico, falecido nesse domingo (10), ganhou papéis marcantes, geralmente na pele de personagens tão inclassifáveis e misteriosos quanto os que interpretou em cima do palco, como Ziggy Stardust e Thin White Duke.

Bowie será lembrado como um dos vampiros mais charmosos e darks da tela grande, no filme neogótico “Fome de Viver”, lançado em 1983. Como John, um violoncelista do século XVII que vive na Nova York atual e que sofre de um envelhecimento acelerado, ele e sua amante Mirian (Catherine Deneuve) sobrevivem do sangue daqueles que frequentam a noite e o submundo da cidade.

Dirigido por Tony Scott, “Fome de Viver” também será lembrado pelas cenas de lesbianismo, entre Catherine e Susan Sarandon, e também por sua trilha sonora. Curiosamente, não é de Bowie a música mais memorável, mas sim do grupo alemão Bauhaus, que aparece na abertura do filme cantando “Bela Lugosi is Dead”, numa boate onde estão os vampiros caçam suas presas.

A década de 80 reservou as melhores interpretações de Bowie no cinema. O artista também emprestou sua faceta camaleônica para o japonês Nagisa Oshima, na produção de guerra “Furyo, em Nome da Honra” (1983). Ele vive um major inglês preso num campo de concentração, que passa a ter uma relação de amor e ódio com o capitão Yonoi, vivido pelo cantor e compositor Ryuichi Sakamoto.

Assim como “O Homem que Caiu na Terra” (1976), seu primeiro papel de protagonista, como um alienígena que tenta salvar seu planeta, carente de água, esses trabalhos eram voltados para um público mais cult. Seu maior sucesso comercial veio com “Labirinto – A Magia do Tempo” (1986), produção de fantasia com bonecos criados pelo mesmo responsável dos Muppets.

Em “Labirinto”, além de viver o antagonista andrógino Jareth, Bowie também assinou a trilha sonora, com a canção “As the World Falls Down” ganhando as rádios de todo o mundo. Dois anos depois aceitou o papel de Pôncio Pilatos no polêmico “A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese. Pelas mãos de um diretor tão bizarro quanto ele, David Lynch, foi o escolhido para viver um agente do FBI na adaptação da série “Twin Peaks” para o cinema, em 1992.

Veja um trecho de “Furyo, em Nome da Honra":

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por