Consagrada musicalmente, Billie Holiday (1915 - 1959) teve uma trajetória difícil, marcada por abusos, preconceito e drogas. Um dos maiores nomes do jazz, a norte-americana inspira o musical “Amargo Fruto - A Vida de Billie Holiday”, em cartaz hoje e amanhã no Sesc Palladium.
Encarregada de dar vida a Lady Day, a atriz Lilian Valeska conta que buscou levar os sentimentos de Billie aos palcos. “Quando ela cantava, trazia muita dor, muito prazer e muito deboche. Era sempre essa mistura. Busquei não imitá-la, mas trazer seus sentimentos”, aponta a atriz, que lembra a dificuldade na busca por referências visuais de Billie.
“Tive pouco tempo para poder dar vida a uma personagem (38 dias) que é um ícone. Não existem muitos registros dela filmados. A partir das músicas que fui ouvindo fui tentando traduzir o sentimento dela no palco”, lembra a atriz, ressaltando que o espetáculo apresenta o contraponto no sofrimento da artista. “O prazer da vida dela estava na música, no palco”, destaca a atriz.
Racismo
Vivendo em uma época difícil, Billie Holiday enfrentou as faces cruéis do preconceito racial, mas não deixou de se posicionar. Com “Strange Fruit”, Lady Day cantou os horrores do linchamentos ocorridos nos Estados Unidos, que tinham esmagadora maioria de negros como vítimas.
"A vida dela foi costurada por isso”, ressalta Lilian, que lembra a trajetória de abusos sofrida por Billie, ainda criança, quando foi prostituída pela mãe, e os reflexos do racismo na perpetuação de seu sofrimento. “Acho que o teatro tem que levar isso: arte, cultura, diversão e conscientização, para você não sair vazio de lá. É importante você sair cheio, sair com algo que te inspire”, observa.
Serviço: Amargo Fruto – A Vida de Billie Holiday, no Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro), hoje e amanhã, às 20h. As entradas custam entre R$ 25 e R$ 80