Há quatro anos, o contrabaixista Dudu Lima e a saxofonista Maria Bragança vêm experimentando uma formação inusitada. Os dois músicos se apresentam ao lado de percussionistas convidados, mostrando que essa combinação não pede um tradicional instrumento harmônico, como piano, violão ou guitarra.

Esta semana, esse projeto ganha uma edição “pra” lá de especial, contando com a participação do celebrado percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. Batizado de “Concerto Ressonâncias”, o show acontece logo mais à noite, no palco do Cine Theatro Brasil, dentro da programação da “Mostra Gandarela Cultural”, que segue até o próximo dia 8. A apresentação terá, no repertório, composições dos três artistas envolvidos, além de homenagens a Milton Nascimento e a Juarez Moreira.

“Essa é uma formação em que os contrapontos são muito valorizados, em função de um, entre aspas, instrumento harmônico. A harmonia está ali, mas não de forma tradicional”, conta Dudu, revelando que as combinações entre os artistas vêm sendo realizadas pela internet. O arremate final acontece em Belo Horizonte, quando Dudu chega de Juiz de Fora, e Naná, de Recife.

Por uma boa causa

O show acontece no mesmo momento em que o mercado recebe o novo disco do contrabaixista. Assinado por Dudu Lima Trio & Milton Nascimento, o álbum “Tamarear” (MP,B/Som Livre) apresenta um repertório focado em versões jazzísticas para músicas famosas do repertório de Bituca, como “Travessia” e “Clube da Esquina nº 2”. O trabalho também celebra 35 anos de existência do Projeto Tamar.

O projeto do disco é a concretização de uma história que vem sendo desenvolvida há 15 anos, desde o início da amizade firmada por Dudu Lima e Guy Marcovaldi, um dos fundadores do Tamar.

Ao início: o Projeto Tamar é uma cooperação entre o Centro Tamar/ICMBio e a Fundação Pró-Tamar. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-pente, tartaruga-verde, tartaruga-oliva e tartaruga-de-couro.

‘Sem perder a nossa essência da improvisação’, diz Lima

O Projeto Tamar, foco do novo disco de Lima, protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.

De acordo com a própria Fundação, mais que um neologismo, Tamarear seria um verbo de primeira conjugação, cujo significado traduziria “toda ação em defesa da natureza e das tartarugas marinhas através da música”.

À época em que surgiu, nos já citados eventos comemorativos dos 30 anos do Projeto Tamar, em 2010, chamava-se, então, “30 Anos de História para Cantar”. Deu certo, tornou-se uma atividade permanente e ganhou esse novo nome, criado por Lenine, que abraçou totalmente a causa.

Foi Guy quem sugeriu que a música ganhasse uma parceria com Milton Nascimento, que aceitou prontamente o convite.

A química foi tão boa durante a gravação (que contou ainda com a força da guitarra do norte-americano Stanley Jordan), que logo surgiu a vontade de crescer o projeto, ampliando para um repertório mais amplo, que foi levado para uma turnê de dois anos por cidades onde o Projeto Tamar está instalado.

“Abordamos músicas famosas de Milton Nascimento, sem perder a nossa essência da improvisação”, diz Dudu Lima, garantindo que voltará a viajar com Bituca em breve – e sim, uma apresentação deve ser feita aqui, na capital mineira.

“Ressonâncias”, com Maria Bragança, Dudu Lima e Naná Vasconcelos, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça 7), nesta terça (3), às 20h. Ingresso: R$ 50 e R$ 25 (meia)

Projeto Tamar – Acesse tamar.org.br para saber mais sobre a conservação das tartarugas marinhas e como é possível ajudar a protegê-las.

Compartilhar