“Esse DVD já devia ter sido gravado há muito tempo! Esbarramos em burocracias e alguns desânimos de mercado, mas acho que saiu na hora certa”, afirma Moacyr Luz sobre o lançamento do registro audiovisual do projeto “Dobrando a Carioca”, que nasceu há 17 anos contando com ele e outros três grandes nomes da MPB: Jards Macalé, Zé Renato e Guinga.
Esta é uma daquelas muitas iniciativas que nascem de forma despretensiosa e acabam ganhando grandes proporções por conta de sua qualidade. Tudo começou de um convite que Moacyr recebeu do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, em outubro de 1999, para uma temporada. Dali partiram os convites para que os amigos o acompanhassem.
“A minha ideia inicial era de simplesmente comemorar a nossa amizade em cinco dias de apresentação, mas no meio dessa mini temporada foram surgindo novos convites e quando dei por mim, fizemos cem shows juntos, como Rio, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza, Curitiba e Recife”, diz Moacyr, lembrando que o quarteto chegou a ganhar um prêmio do jornal O Globo como melhor show do ano.
Por causa do lançamento do DVD, o quarteto voltou a viajar com o projeto.
Brasileiríssimo
Este “Dobrando a Carioca” repete boa parte do que foi feito lá no final dos anos 90, com músicas autorais dos quatro artistas – várias delas parcerias com outros importantes nomes, como Aldir Blanc, Vinicius de Moraes e Chico Buarque.
Entram ainda versões para clássicos do samba, como “Um a Zero” (Pixinguinha), “Acertei no Milhar” (Wilson Batista) e “Nega Dina” (Zé Keti).
“O repertório foi escolhido a partir do roteiro que foi estruturado desde as primeiras apresentações. Algumas canções foram substituídas seguindo sempre o conceito do show, onde todos estão quase que todo o tempo cantando ou tocando algum instrumento, solando, fazendo vocais num clima de sarau carioca”, explica Zé Renato.
Como os artistas têm características bem diferentes em relação à voz e ao toque instrumental, há uma diversidade de linguagens ao longo do DVD. Mas há unidade também, segundo Zé Renato. “(O que temos em comum) certamente são as referências musicais, todos têm fontes comuns. O samba e o cancioneiro brasileiro, de um modo geral nos norteiam”.